Atila Iamarino: divulgador científico sofre ataques nas redes sociais por "errar" previsão sobre pandemia (YouTube/Divulgação)
Guilherme Dearo
Publicado em 1 de agosto de 2020 às 14h47.
Última atualização em 2 de agosto de 2020 às 10h53.
Biólogo, pesquisador e divulgador científico, Atila Iamarino é doutor em microbiologia pela Universidade de São Paulo e ganhou um novo grau de notoriedade em seu canal no YouTube durante a quarentena para combater a disseminação do novo coronavírus. Com conteúdos ao vivo, Iamarino fez vídeos que atingiram 380 mil pessoas simultaneamente. O vídeo gravado da live de 20 de março, sobre o cenário da pandemia no mundo, atingiu mais de 5 milhões de visualizações em poucos dias.
Desde então, Iamarino já deu entrevistas para dezenas de veículos de imprensa e virou referência no Brasil para falar sobre a atual pandemia e o modo como o Brasil vem lidando, com dificuldade, com o vírus. As credenciais do pesquisador não impediram que ele ganhasse um grupo de "inimigos".
Na última semana, Iamarino tem sido alvo de ataques coordenados nas redes sociais. Os ataques o acusam de alarmismo e "fake news" por ele ter previsto, em março, que o Brasil poderia chegar a um milhão de mortos durante a pandemia. Os ataques dizem que, diante das 92 mil mortes de agora, Iamarino provou que estava errado e que apenas tentou espalhar pânico.
Os ataques parecem não levar em conta o conteúdo do vídeo. À ocasião, Iamarino divulgou um estudo do Imperial College britânico que dizia que, caso o Brasil não tomasse nenhuma medida para conter a pandemia, ele alcançaria a marca de um milhão de mortos. Caso nada fosse feito, frisa-se. O Brasil, claro, tomou diversas medidas importantes, ainda que insuficientes.
Com quarentena de quase quatro meses, que fechou escolas, universidades, restaurantes, bares e comércios, além do uso obrigatório de máscaras e investimentos em respiradores, hospitais de campanha e testagem, o País conseguiu, sim, impedir que a curva da pandemia fosse ainda pior do que está. Atualmente, o brasil é o segundo país do mundo com mais casos, mais de 2,66 milhões, e também o segundo em mortes, com mais de 92 mil.
Em apoio a Atila e contra os ataques, fãs subiram no Twitter a hashtag #ObrigadoAtila, que chegou a ficar em primeiro lugar nos Trending Topics do Brasil, que aponta as hashtags mais populares. O público agradece o biólogo pelo serviço prestado de divulgação científica durante a pandemia.
Em sua coluna no jornal Folha de S.Paulo, Atila falou indiretamente sobre os ataques e alertou para as "ignorâncias" em tempos de coronavírus: "Em se tratanto de ignorância, vacinas são como a democracia, a ignorância alheia também me põe em risco".
O deputado estadual pelo PSOL-SP chegou a postar mensagem de apoio a Atila, usando a hashtag.
O gabinete do ódio está coordenando ataques ao Átila (@oatila) por defender a nossa saúde através da ciência. Obrigado Átila, pela divulgação científica, que faz com que a verdade chegue à população, enfrentando as fake news do #BolsonaroGenocida e sua gangue. #ObrigadoAtila pic.twitter.com/6gk4KabSRD
— Prof Carlos Giannazi (@carlosgiannazi) August 1, 2020