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Bendine pagava valores altos em dinheiro, diz pedreiro

O pedreiro acusa o novo presidente da Petrobras de não ter pago R$ 36 mil referentes à mão de obra para a construção da piscina da residência


	Aldemir Bendine: João Camargo é a segunda pessoa que trabalhou para Bendine a relatar o hábito do executivo de carregar altos valores em dinheiro
 (Nacho Doce/Files/Reuters)

Aldemir Bendine: João Camargo é a segunda pessoa que trabalhou para Bendine a relatar o hábito do executivo de carregar altos valores em dinheiro (Nacho Doce/Files/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 26 de fevereiro de 2015 às 08h06.

São Paulo - O novo presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, fazia pagamentos de valores superiores a R$ 20 mil em dinheiro na região de Conchas (SP), onde possui uma casa.

A informação é do pedreiro João Carlos Camargo, responsável pela construção da casa, e foi confirmada ao Estado por dois comerciantes da região sob a condição de não terem seus nomes revelados.

Camargo, de 59 anos, acusa Bendine de não ter pago R$ 36 mil referentes à mão de obra para a construção da piscina da residência, uma das maiores da cidade. Bendine, por meio de nota, negou tanto a dívida quanto os pagamentos em espécie.

João Camargo é a segunda pessoa que trabalhou para Bendine a relatar o hábito do executivo de carregar altos valores em dinheiro.

No ano passado, Sebastião Ferreira da Silva, ex-motorista do Banco do Brasil, disse em entrevista à Folha de S.Paulo que fez diversos pagamentos em espécie a mando de Bendine.

O pedreiro e o presidente da estatal se conheceram em 1981, quando Bendine chegou a Conchas, a 210 km de São Paulo, para trabalhar como caixa na agência do Banco do Brasil na cidade de 17 mil habitantes.

"Ele também gostava de esporte, começamos a jogar bola juntos até que pegamos uma amizade", lembra Camargo, o mais velho de três irmãos pedreiros conhecidos na região pela qualidade das construções.

Em 2005, já ocupando uma diretoria do Banco do Brasil, Bendine decidiu demolir a velha casa da família e construir um imóvel que se destaca no centro da cidade. Camargo foi escolhido para tocar a obra.

A construção demorou mais de dois anos e o custo da mão de obra foi dividido em três partes. A primeira, de R$ 135 mil, era para a construção principal.

A segunda, no valor de R$ 30 mil, era referente a obras complementares e a terceira, de R$ 36 mil, à piscina e churrasqueira, de acordo com o pedreiro. Segundo Camargo, as duas primeiras partes foram totalmente quitadas em parcelas.

Os pagamentos que superavam R$ 7 mil eram feitos em espécie. "Às vezes ele ia até o banco e sacava. Às vezes já vinha de Brasília com o dinheiro em um envelope", disse.

O pedreiro não possui contrato nem recibos. De acordo com ele, Bendine se recusou a pagar os R$ 36 mil restantes alegando que os valores pagos anteriormente estavam acima do preço do mercado.

Segundo o advogado Julio Del Vigna, Camargo não quis cobrar a dívida na Justiça porque "é do tipo que faz as coisas na base da confiança, no fio do bigode".

Além de construir a casa, o pedreiro diz que era encarregado de gerenciar a obra e outros pequenos serviços, entre eles pagar os fornecedores.

Dois comerciantes da região confirmaram ao Estado, com a condição de não terem seus nomes revelados, que receberam valores superiores a R$ 5 mil, em espécie, para pagamento de materiais usados na construção.

Camargo diz que foi encarregado por Bendine de entregar em um só dia R$ 22 mil ao vendedor de um carro que seria dado de presente pelo aniversário de 18 anos da filha do executivo, em Piracicaba, e fazer um pagamento de R$ 17 mil ao fornecedor de materiais para a piscina, em Laranjal Paulista.

"Eu inclusive falava para ele que era perigoso", disse.

O pedreiro afirmou ter sido ameaçado por seguranças do BB quando Bendine já ocupava a presidência do banco. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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