Policiais no Alemão: complexos do Alemão e da Penha foram invadidos pelas forças de segurança em novembro de 2010, após onda de ataques a ônibus e postos policiais (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 13 de março de 2014 às 17h05.
Rio - Quatro dias depois de cogitar solicitar auxílio do Exército para reocupar o Complexo do Alemão, na zona norte do Rio, devido aos sucessivos episódios de violência na região perpetrados por traficantes que resistem à política de pacificação, o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, voltou atrás e disse nesta quinta-feira, 13 que não pedirá ajuda das Forças Armadas.
"Não vou pedir para o Exército voltar. Quando eu me manifesto em relação ao Exército ou a qualquer outra instituição, é no sentido do entrosamento, da relação que nós temos com qualquer força. Seja com bombeiro, seja com Exército, que até está com representante hoje aqui, seja com Ministério da Defesa, Polícia Federal, Polícia Rodoviária. Mas não vamos lançar mão do Exército", afirmou Beltrame, em entrevista coletiva sobre a ocupação das comunidades Vila Kennedy e Metral, na zona oeste do Rio, para implantação da 38ª UPP.
A possibilidade de pedir ajuda do Exército foi levantada pelo próprio secretário, em entrevista publicada na edição de domingo 9 do jornal "O Globo".
Na sexta-feira, 7, Beltrame participou de uma reunião com a cúpula da segurança do estado, durante a qual foram abordadas as três mortes de policiais militares em Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) instaladas nos complexos do Alemão e da Penha.
Considerado o quartel-general do Comando Vermelho, os complexos do Alemão e da Penha foram invadidos pelas forças de segurança em novembro de 2010, após uma onda de ataques a ônibus e postos policiais que levou pânico à cidade. A Força de Pacificação do Exército permaneceu nos dois conjuntos de favelas até meados de 2012, quando foram inauguradas oito UPPs na região.
Terrorismo
Na entrevista desta quinta-feira, Beltrame classificou de "terrorismo contra o Estado" os recentes ataques do tráfico a policiais das UPPs no Alemão e na Rocinha (zona sul). "Entendemos que essas ações (ataques) são um terrorismo contra o Estado, os agentes públicos, e os policiais civis e militares, que estão lá dentro para libertar pessoas que estão tiranizadas. Nós entendemos dessa forma", afirmou.
O secretário disse ainda que considera um "exagero" dizer que o programa das UPPs esteja ameaçado por conta do recrudescimento da violência de traficantes em favelas pacificadas.
"Temos atualmente 38 UPPs e não há problemas nas 38. Temos problemas em duas áreas, as mais populosas, que ultrapassam os 100 mil habitantes cada uma", afirmou Beltrame, referindo-se ao Alemão e à Rocinha. Segundo o secretário de Segurança, mesmo com os ataques de traficantes, as favelas pacificadas são melhores hoje do que no passado.
Vila Kennedy.
Até as 13h desta quinta-feira, nove pessoas haviam sido presas na ocupação da Vila Kennedy e da Metral. Dois presos tinham mandados de prisão: um homem (por receptação), e outro (por ameaça e injúria). E seis pessoas foram presas em flagrante. Duas motos e dois carros roubados foram recuperados; armas e drogas apreendidas.