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BC corre sério risco de errar na dose dos juros, diz professor da PUC

Antonio Correa de Lacerda acredita que a economia brasileira já está em desaceleração

Antonio Corrêa de Lacerda, da PUC-SP: "Não podemos olhar apenas o retrovisor" (Sidney Murrita/Ipea)
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Da Redação

Publicado em 2 de março de 2011 às 10h57.

São Paulo – O Banco Central corre o risco de exagerar na dose se elevar a taxa básica de juros nesta quarta-feira (3). Na avaliação do professor doutor do departamento de Economia da PUC-SP Antonio Corrêa de Lacerda, o cenário internacional nebuloso e o desaquecimento já em curso da economia brasileira dispensam um novo aperto monetário.

“O debate sobre a reunião do Copom está enviesado. A inflação está subindo no mundo inteiro por causa da alta dos preços das commodities. Além disso, o Brasil sofreu reajustes sazonais de Transportes, Educação e Impostos. Não é, portanto, uma inflação somente de demanda. Os índices começaram o ano contaminados pelo crescimento acelerado de 2010, mas o quadro está mudando. O governo já restringiu o crédito e o endividamento das pessoas tem um certo limite. Corremos um sério risco de errar na dose dos juros ao olharmos apenas o retrovisor”, diz Lacerda.

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O professor da PUC-SP lembra que, se o cenário piorar no Oriente Médio e no mundo árabe, o preço do petróleo pode subir, mas o das demais commodities pode cair por causa do impacto negativo nas economias desenvolvidas. “Neste cenário, a pressão das commodities não se repetiria nos próximos 12 meses.”

Com a alta do petróleo, os países ricos começam a viver o dilema entre elevar juros ou manter a recuperação econômica. “Mesmo que não haja um aperto monetário, o petróleo mais caro rouba parte da renda da população, que passa a consumir menos”, explica Lacerda, que integra o Conselho Superior de Economia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). “O risco é repetirmos o erro de 2008, quando o Banco Central do Brasil, preocupado com o excesso de demanda, elevou os juros ao mesmo tempo em que o mundo mergulhava na crise.”

O professor Antonio Corrêa de Lacerda acredita que o mercado precisa melhorar os instrumentos e a percepção dos indicadores, olhando mais o futuro e menos o passado. “Não vejo problema de abastecimento na indústria. Somente em dezembro de 2010 o setor produtivo retornou ao nível pré-crise. A tese de superaquecimento da indústria não se confirma.” Segundo o IBGE, o setor industrial cresceu 0,2% em janeiro na comparação com dezembro.

Quanto ao ajuste fiscal do governo, o economista diz que o desafio é mais qualitativo do que quantitativo. “Não adianta nada cortar investimentos e jogar a economia para o buraco. É preciso uma eficácia maior dos gastos da máquina pública”, conclui Lacerda.

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