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Barusco reitera que começou a receber propinas em 1997

O ex-gerente da Petrobras disse que nunca teve indicação política para ocupar cargos na estatal, e, sim, técnica

Oitiva com Pedro José Barusco Filho, ex-gerente da Petrobras e delator da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, em CPI: período compreende o governo FHC (Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de março de 2015 às 12h53.

Brasília - O ex-gerente-executivo da Diretoria de Serviços da Petrobras Pedro Barusco, disse nesta terça-feira, 10, durante seu depoimento à CPI da Petrobras, criada na Câmara para investigar o esquema de corrupção na estatal, que nunca teve indicação política para ocupar cargos na estatal, e, sim, técnica.

Embora tenha dito que está ali para colaborar e esclarecer todos os fatos, ele evitou entrar em detalhes sobre o esquema de corrupção e disse que apenas reiterava depoimento dado à Justiça Federal.

Ele confirmou que recebeu propinas desde 1997 e 1998, ainda durante o governo do tucano Fernando Henrique Cardoso.

Contudo, o relator da CPI da Petrobras, Luiz Sérgio (PT-RJ) questionou o ex-gerente sobre o início desse esquema de pagamento de propina e insistiu para que desse detalhes de como ele ocorria ainda na década de 1990, durante o governo do tucano Fernando Henrique Cardoso.

"Comecei a receber propina em 1997, 1998. Foi uma iniciativa pessoal, minha, com um representante comercial da empresa", afirmou.

"De forma mais ampla, em contato com outras pessoas da Petrobras, de forma mais institucionalizada, foi a partir de 2003, 2004. Não sei precisar a data."

Barusco afirmou que, na década de 1990, ocupava um cargo menor na estatal, não fechava contratos e não tinha conhecimento se outras pessoas recebiam propina. O relator, então, perguntou como ele negociava pagamentos ilegais naquele momento.

"Em relação a esse período eu não vou dar mais detalhes porque existe uma operação em curso e eu me reservo o direito de não comentar", respondeu Barusco.

Barusco se disse arrependido de ter recebido propina na negociação de contratos da estatal. "Este é um caminho que não tem volta", afirmou ao responder ao relator Luiz Sérgio.

Barusco fez acordo para repatriar US$ 100 milhões que havia desviado para contas na Suíça. "Esse repatriamento que estou fazendo agora me dá um alívio", disse Barusco, alegando que teve "fraqueza de começar" e que depois viveu uma sensação de "quase apavoramento".

"É um caminho que não recomendo para ninguém. É muito doloroso", afirmou. Segundo Barusco, uma parte do dinheiro já foi repatriada, mas ele não mencionou valores.

Governança

Quanto a governança da estatal, apesar de ser considerada boa para ele, Barusco disse que o que existia era a formação de cartéis externos. "O problema não está localizado nas comissões de licitações", afirmou.

Barusco revelou que recebia a propina toda praticamente no exterior e que apenas "alguma coisa" foi recebida em espécie no Brasil. "Nunca paguei ou transferi recurso para ninguém", declarou.

Segundo ele, o envolvimento com agente político era feito no momento da divisão da propina e que ele e o ex-diretor Renato Duque cuidavam da propina, além do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.

O mecanismo envolvia representante da empresa e ele, Duque e Vaccari eram "protagonistas".

São Paulo – A empreiteira OAS deu preferência para o PT em suas doações para a campanha eleitoral de 2014. Já a Queiroz Galvão investiu mais no PMDB. A Galvão Engenharia, por sua vez, deu mais dinheiro para PSB e PP.   Os dados são de levantamento feito por EXAME.com, a partir da prestação de contas divulgada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Nas eleições de 2014 , os partidos políticos receberam nada menos que R$ 264 milhões em doações das empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato , que apura esquema de corrupção envolvendo a Petrobras . A Operação Lava Jato investiga nove empreiteiras: Engevix, OAS, Queiroz Galvão, Odebrecht, Camargo Corrêa, UTC, Galvão Engenharia, Mendes Júnior e Iesa. Destas, sete fizeram doações para a campanha de 2014. Mendes Júnior e Iesa não doaram. Para ver quanto cada empreiteira doou para cada partido, clique na seta à direita na foto acima.
  • 2. OAS - R$ 80.126.630,00

    2 /8(REUTERS/Aly Song)

  • Veja também

    PartidoValor doado pela OAS
    PTR$ 33.226.000,00
    PMDBR$ 15.360.000,00
    PSDBR$ 12.000.000,00
    PSBR$ 4.750.000,00
    PPR$ 3.650.000,00
    DEMR$ 3.050.000,00
    PRR$ 3.050.000,00
    PSDR$ 2.150.000,00
    PTBR$ 700.630,00
    PC do BR$ 600.000,00
    PVR$ 600.000,00
    PTNR$ 590.000,00
    PDTR$ 400.000,00
    TotalR$ 80.126.630,00
  • 3. Queiroz Galvão - R$ 55.843.921,00

    3 /8(Divulgação)

  • PartidoValor doado pela Queiroz Galvão
    PMDBR$ 15.830.000,00
    PTR$ 15.100.000,00
    PSBR$ 3.995.000,00
    PSDBR$ 3.730.000,00
    PSDR$ 3.539.081,00
    PDTR$ 3.050.000,00
    PPR$ 2.900.000,00
    DEMR$ 2.750.000,00
    PRR$ 2.000.000,00
    PTBR$ 1.260.000,00
    PSCR$ 600.000,00
    PROSR$ 400.000,00
    SDR$ 400.000,00
    PPSR$ 200.000,00
    PRBR$ 80.000,00
    PRPR$ 6.000,00
    PSLR$ 3.840,00
    TotalR$ 55.843.921,00
  • 4. UTC - R$ 52.831.521,08

    4 /8(foto/Divulgação)

    PartidoValor doado pela UTC
    PTR$ 21.625.000,00
    PSDBR$ 9.080.000,00
    DEMR$ 4.765.000,00
    PMDBR$ 3.900.000,00
    PC do BR$ 3.040.015,08
    PRR$ 2.550.000,00
    PDTR$ 1.600.000,00
    PRTBR$ 1.453.000,00
    SDR$ 1.400.000,00
    PPR$ 875.000,00
    PSBR$ 750.000,00
    PSDR$ 700.000,00
    PMNR$ 602.050,00
    PPSR$ 150.000,00
    PRBR$ 125.000,00
    PSCR$ 100.455,00
    PENR$ 50.000,00
    PVR$ 50.000,00
    PTBR$ 15.000,00
    PT do BR$ 1.001,00
    TotalR$ 52.831.521,08
  • 5. Odebrecht - R$ 48.278.100,00

    5 /8(jbdodane/Flickr/Creative Commons)

    PartidoValor doado pela Odebrecht
    PMDBR$ 15.290.000,00
    PTR$ 9.495.000,00
    PSDBR$ 9.090.000,00
    DEMR$ 4.440.000,00
    PSBR$ 3.210.000,00
    SDR$ 1.330.000,00
    PTBR$ 703.100,00
    PPR$ 690.000,00
    PSDR$ 630.000,00
    PRBR$ 600.000,00
    PSCR$ 530.000,00
    PPSR$ 400.000,00
    PRR$ 370.000,00
    PROSR$ 300.000,00
    PVR$ 290.000,00
    PC do BR$ 230.000,00
    PT do BR$ 220.000,00
    PDTR$ 200.000,00
    PTNR$ 100.000,00
    PHSR$ 60.000,00
    PTCR$ 50.000,00
    PRPR$ 30.000,00
    PSLR$ 20.000,00
    TotalR$ 48.278.100,00
  • 6. Galvão Engenharia - R$ 15.882.300,00

    6 /8(Divulgação/ Galvão Engenharia)

    PartidoValor doado pela Galvão Engenharia
    PSBR$ 4.450.000,00
    PPR$ 4.080.000,00
    PTR$ 2.800.000,00
    PMDBR$ 1.140.000,00
    PENR$ 1.050.300,00
    PROSR$ 640.000,00
    PT do BR$ 402.000,00
    PTBR$ 250.000,00
    PSDR$ 200.000,00
    PC do BR$ 170.000,00
    PSLR$ 150.000,00
    PRR$ 50.000,00
    PSDBR$ 500.000,00
    TotalR$ 15.882.300,00
  • 7. Engevix - R$ 7.925.000,00

    7 /8(Divulgação/ Engevix)

    PartidoValor doado pela Engevix
    PTR$ 5.825.000,00
    PSDBR$ 260.000,00
    PSBR$ 240.000,00
    PDTR$ 225.000,00
    PSLR$ 200.000,00
    PTCR$ 200.000,00
    PVR$ 200.000,00
    PPR$ 160.000,00
    PTBR$ 150.000,00
    PROSR$ 50.000,00
    PSDR$ 50.000,00
    PMDBR$ 40.000,00
    PPLR$ 25.000,00
    PRR$ 300.000,00
    TotalR$ 7.925.000,00
  • 8. Camargo Corrêa - R$ 3.500.000,00

    8 /8(Germano Lüders/EXAME)

    PartidoValor doado pela Camargo Corrêa
    PTR$ 2.000.000,00
    DEMR$ 1.500.000,00
    TotalR$ 3.500.000,00
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