Brasília (DF), 26/04/2023 - Fachada da sede da Polícia Federal. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Redação Exame
Publicado em 30 de dezembro de 2025 às 06h36.
A Polícia Federal ouve nesta terça-feira, 30, às 14h, o controlador do Banco Master, Daniel Vorcaro, o ex-presidente do Banco de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa, e o diretor de Fiscalização do Banco Central, Ailton de Aquino Santos.
Os depoimentos fazem parte do inquérito que apura suspeitas de fraudes na tentativa de venda do Master ao BRB antes da liquidação da instituição, decretada pelo BC em novembro.
O procedimento é acompanhado por um juiz do gabinete do ministro Dias Toffoli, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), e por um representante do Ministério Público.
Após os depoimentos, a delegada responsável poderá determinar uma acareação, caso identifique divergências relevantes entre as versões.
Segundo a PF, Vorcaro e Costa negociaram juntos a venda do Master — proposta vetada pela diretoria colegiada do BC.
O diretor Ailton Santos, que não é investigado, participou tecnicamente das discussões e apoiou a liquidação da instituição após o fracasso de outras alternativas.
A operação está sob sigilo no STF desde dezembro. Toffoli determinou a acareação de ofício, sem pedido da PF ou da PGR.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, chegou a pedir a suspensão da medida, mas o ministro manteve a data, citando impacto relevante sobre o sistema financeiro.
Na sexta-feira, 26, o Banco Central recorreu ao STF solicitando esclarecimentos sobre a decisão, questionando, entre outros pontos, a urgência da medida durante o recesso do Judiciário e a condição em que seu diretor foi convocado.
No sábado, 27, Toffoli rejeitou o recurso, afirmou que nem o Banco Central, nem Ailton de Aquino são investigados e manteve a data da acareação, citando o impacto relevante dos fatos apurados sobre o sistema financeiro.
A investigação indica que o Master comprou créditos da empresa Tirreno sem pagamento e os revendeu ao BRB, que teria desembolsado cerca de R$ 12 bilhões. O BC rejeitou a transação e decretou a liquidação do banco por falta de liquidez.
A decisão gerou reação do setor financeiro. Entidades divulgaram notas em defesa da autonomia do Banco Central e alertaram que revisões de decisões regulatórias podem gerar insegurança e instabilidade no mercado.