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Auditor do TCU que fez 'estudo paralelo' precisará depor à CPI da Covid

Amigo da família Bolsonaro, Alexandre Figueiredo teria inserido no sistema do tribunal um documento dizendo que metade das mortes por covid não ocorreram em decorrência do vírus

CPI da Covid convocou auditor do TCU e ex-ministro Osmar Terra (Edilson Rodrigues/Agência Senado)
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Alessandra Azevedo

Publicado em 9 de junho de 2021 às 11h22.

A CPI da Covid aprovou nesta quarta-feira, 9, a convocação do auditor do Tribunal de Contas da União (TCU) Alexandre Figueiredo, responsável por ter elaborado um “estudo paralelo” apontando que metade das mortes por covid-19 no país não ocorreram em decorrência do coronavírus. Ele teria inserido o documento no sistema do TCU no domingo, 6.

O estudo serviu de base para que o presidente Jair Bolsonaro dissesse a apoiadores, na última segunda-feira, 7, que “em torno de 50% dos óbitos do ano passado por covid não foram por covid, segundo o Tribunal de Contas da União”. Bolsonaro admitiu o “erro”, na terça-feira, 8, depois que o TCU desmentiu a informação.

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Segundo reportagem do Correio Braziliense, citada em um dos requerimentos de convocação de Figueiredo, apresentado por Humberto Costa (PT-PE), o auditor fazia parte da secretaria do TCU que lida com inteligência e combate à corrupção e começou a trabalhar no “estudo” no ano passado.

Amigo da família Bolsonaro, Figueiredo acompanhava compras relacionadas à pandemia. Segundo a reportagem, o “estudo paralelo” foi rechaçado pelos colegas, que teriam entendido que ele buscava desqualificar os governadores. Sem apoio de nenhum outro auditor, o servidor do TCU teria entregue a tese aos filhos de Bolsonaro.

Convocações

 

A CPI também aprovou a convocação do deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), ex-ministro da Cidadania do governo Bolsonaro. Ele deverá explicar aos senadores sobre aconselhamentos feitos ao presidente sobre assuntos relacionados à pandemia.

O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta apontou, em depoimento, a existência de um "gabinete paralelo" no governo, da qual Osmar Terra faria parte. O deputado é contra medidas de isolamento social e defendeu a tese da "imunidade de rebanho", pela qual, pela contaminação "natural" da população, o país chegaria à imunização coletiva.

Os senadores também aprovaram a convocação da coordenadora do Programa Nacional de Imunização (PNI), Francieli Francinato. Além de prestar depoimento, ela participará de uma acareação com a médica infectologista Luana Araújo, que teve a nomeação cancelada 10 dias após ter sido chamada para chefiar a Secretaria de Enfrentamento à Covid-19, em maio.

O colegiado aprovou a convocação do presidente da Apsen Farmacêutica, Renato Spallicci. De acordo com o requerimento, de Randolfe Rodrigues (Rede-AP), a CPI recebeu documentos que mostram mensagens entre a empresa, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) e o governo indiano, tratando da importação de hidroxicloroquina.

"Foram importadas algumas toneladas nos meses de abril e maio de 2020", aponta Randolfe. Segundo ele, no site da Apsen, "a empresa se posiciona sobre o uso da hidroxicloroquina, fala de publicações que mostram melhora de pacientes que fizeram uso do medicamento e chega até a recomendar uma dosagem".

A CPI aprovou ainda a convocação de Francisco de Araújo Filho, ex-secretário de Saúde do Distrito Federal, e do desenvolvedor do aplicativo TrateCov. O empresário José Alves Filho e o secretário de Comunicação Institucional do governo, Felipe Cruz Pedri, também serão ouvidos pelo colegiado.

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