Atos são reflexo de nova classe média, diz economista
Ubide ressalta que o estopim dos protestos, a alta do preço das passagens de ônibus em algumas capitais, aconteceu num contexto de inflação em alta no Brasil
Da Redação
Publicado em 20 de junho de 2013 às 17h49.
Nova York - O Brasil tirou muitos cidadãos da pobreza nos últimos anos e foi bem-sucedido em criar uma nova classe média mais consciente e exigente.
Os protestos que acontecem agora no país são um reflexo deste movimento, de brasileiros crescentemente insatisfeitos com a alta de preços, alocação dos recursos públicos e corrupção na política, avalia o economista Angel Ubide, do Peterson Institute for International Economics, um centro de estudos econômicos e políticos de Washington.
Ubide ressalta que o estopim dos protestos, a alta do preço das passagens de ônibus em algumas capitais, aconteceu num contexto de inflação em alta no Brasil. Os preços subiram sobretudo em segmentos mais diretamente ligados à população, como alimentação e serviços.
Ao mesmo tempo, o governo teve dificuldades para controlar o aumento dos preços. "A percepção que a população teve é que a inflação está muito alta e ao mesmo tempo estavam subindo os preços do transporte público", disse, num áudio posto nesta quinta-feira na página do Peterson Institute em que avalia os protestos brasileiros.
Esta percepção de que a inflação está alta, afirma, deve-se muito ao fato de o Brasil ter experimentado preços galopantes nos anos 1980 e a hiperinflação no começo dos anos 1990. Os brasileiros ficaram mais sensíveis à alta de preços que outros colegas de países que não passaram pelo mesmo fenômeno. De acordo com ele, estabilizar a inflação nos anos 1990 e manter os preços controlados na década seguinte foi uma conquista do governo e também uma forma de trazer mais integrantes para a classe média.
Além da alta de preços, Ubide cita a crescente insatisfação dos brasileiros com a corrupção, sobretudo na política, e a "alocação ruim" dos recursos públicos, como fatores para explicar as causas das manifestações brasileiras. "A população incorporada à classe média cresceu muito nas últimas décadas e esta classe média começou a sentir que não estava recebendo do governo o que merecia", afirma.
"Um senso de injustiça sobre como os recursos públicos são alocados e distribuídos no Brasil ajudou a causar estas manifestações", em meio à construção ou reforma dos caros estádios para a Copa do Mundo.
Conforme o Peterson Institute, a presidente Dilma Rousseff não terá uma tarefa fácil pela frente. Além das manifestações e insatisfação dos cidadãos, a economia cresce pouco e até agora toda a carga para controlar a inflação foi posta no Banco Central (BC), avalia. Esse mix de políticas precisa mudar, diz.
Nova York - O Brasil tirou muitos cidadãos da pobreza nos últimos anos e foi bem-sucedido em criar uma nova classe média mais consciente e exigente.
Os protestos que acontecem agora no país são um reflexo deste movimento, de brasileiros crescentemente insatisfeitos com a alta de preços, alocação dos recursos públicos e corrupção na política, avalia o economista Angel Ubide, do Peterson Institute for International Economics, um centro de estudos econômicos e políticos de Washington.
Ubide ressalta que o estopim dos protestos, a alta do preço das passagens de ônibus em algumas capitais, aconteceu num contexto de inflação em alta no Brasil. Os preços subiram sobretudo em segmentos mais diretamente ligados à população, como alimentação e serviços.
Ao mesmo tempo, o governo teve dificuldades para controlar o aumento dos preços. "A percepção que a população teve é que a inflação está muito alta e ao mesmo tempo estavam subindo os preços do transporte público", disse, num áudio posto nesta quinta-feira na página do Peterson Institute em que avalia os protestos brasileiros.
Esta percepção de que a inflação está alta, afirma, deve-se muito ao fato de o Brasil ter experimentado preços galopantes nos anos 1980 e a hiperinflação no começo dos anos 1990. Os brasileiros ficaram mais sensíveis à alta de preços que outros colegas de países que não passaram pelo mesmo fenômeno. De acordo com ele, estabilizar a inflação nos anos 1990 e manter os preços controlados na década seguinte foi uma conquista do governo e também uma forma de trazer mais integrantes para a classe média.
Além da alta de preços, Ubide cita a crescente insatisfação dos brasileiros com a corrupção, sobretudo na política, e a "alocação ruim" dos recursos públicos, como fatores para explicar as causas das manifestações brasileiras. "A população incorporada à classe média cresceu muito nas últimas décadas e esta classe média começou a sentir que não estava recebendo do governo o que merecia", afirma.
"Um senso de injustiça sobre como os recursos públicos são alocados e distribuídos no Brasil ajudou a causar estas manifestações", em meio à construção ou reforma dos caros estádios para a Copa do Mundo.
Conforme o Peterson Institute, a presidente Dilma Rousseff não terá uma tarefa fácil pela frente. Além das manifestações e insatisfação dos cidadãos, a economia cresce pouco e até agora toda a carga para controlar a inflação foi posta no Banco Central (BC), avalia. Esse mix de políticas precisa mudar, diz.