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Atos antidemocráticos tiveram financiamento estrangeiro, diz Toffoli

O ministro Dias Toffoli classificou a descoberta como "gravíssima" e afirmou que ela foi obtida por meio da quebra de sigilos bancários

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli (Carolina Antunes/PR/Divulgação)

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli (Carolina Antunes/PR/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de fevereiro de 2021 às 08h08.

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que as investigações que apuram fake news e a realização de atos antidemocráticos identificaram "financiamento internacional a atores que usam as redes sociais para fazer campanhas contra as instituições brasileiras, em especial o STF e o Congresso Nacional". A afirmação foi feita durante entrevista ao programa Canal Livre, da TV Band, exibida na madrugada de ontem.

Segundo Toffoli, a divulgação da informação — obtida por meio da quebra de sigilos bancários — foi autorizada pelo ministro-relator dos casos na Corte, Alexandre de Moraes. Na entrevista, Toffoli classificou a descoberta como "gravíssima". Para ele, a "história" já mostrou que financiamento a grupos radicais serviu "para criar o caos".

"A história do País mostrou a que isso levou no passado, financiamento a grupos radicais, seja de extrema direita, seja de extrema esquerda, para criar o caos e desestabilizar a democracia em nosso país", disse Toffoli. Ainda de acordo com ele, não se trata de "grupo de malucos", mas de uma "organização".

Segundo o jornal O Globo, os investigadores apuram se o empresário João Bernardo Barbosa, dono da holding JBB Par Investments, que mora em Miami (EUA), é o elo internacional das campanhas contra as instituições. O empresário negou ao jornal ter feito qualquer doação para atos antidemocráticos.

Marco

Relator dos inquéritos das fake news - aberto para apurar notícias falsas, ofensas e ameaças dirigidas aos integrantes do Supremo - e dos atos antidemocráticos, que investiga a organização, o financiamento e a divulgação de manifestações contra a democracia, o ministro Alexandre de Moraes disse ontem que a confirmação da ordem de prisão do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) pelos plenários da própria Corte e da Câmara dos Deputados foi um "marco no combate ao extremismo antidemocrático".

O parlamentar bolsonarista foi preso há uma semana por ordem de Moraes, após divulgar um vídeo com ameaças ao Supremo e a integrantes do tribunal. Na sexta-feira passada, por 364 votos a 140, a maioria dos deputados referendou a decisão do Supremo. Na ocasião, Silveira pediu desculpas.

"O incentivo a dar surras em ministros do Supremo Tribunal Federal, o incentivo a agressões contra a saúde e vida de ministros do Supremo Tribunal Federal, o incentivo à ditadura e ao AI-5 que fecha o Supremo Tribunal Federal não são críticas, são atentados contra a democracia", afirmou.

As declarações de Moraes, próximo presidente do Supremo, foram feitas durante o seminário virtual "Eleições 2022 e desinformação no Brasil", organizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV). "Nós não podemos mais deixar que as redes sociais sejam terra de ninguém. Porque os discursos de ódio e antidemocráticos vêm manipulando as pessoas", afirmou o ministro na transmissão. "Com essas milícias digitais, nós estamos sofrendo o mais pesado, mais forte e mais vil ataque às instituições e ao estado democrático de direito."

O ministro lembrou que a produção de notícias falsas deixou de ser amadora e passou a integrar uma "indústria de monetização". Moraes disse ainda ser um "desafio grande" impedir que as "milícias digitais" influenciem a eleição presidencial do ano que vem. Na avaliação dele, as empresas de tecnologia devem ser responsabilizadas pelos conteúdos publicados em suas plataformas.

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