Brasil

Ato denuncia genocídio de negros, pobres e da periferia

O ato Ítalo Presente! Contra o Genocídio da Infância e Juventude Preta, Pobre e Periférica ocorreu na Assembleia Legislativa de São Paulo

Representantes de movimentos sociais e da União Paulista dos Estudantes Secundaristas fazem ato contra genocídio da juventude negra, na Assembleia Legislativa (Rovena Rosa/ABr)

Representantes de movimentos sociais e da União Paulista dos Estudantes Secundaristas fazem ato contra genocídio da juventude negra, na Assembleia Legislativa (Rovena Rosa/ABr)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de junho de 2016 às 22h29.

O ato Ítalo Presente! Contra o Genocídio da Infância e Juventude Preta, Pobre e Periférica ocorreu hoje (30) na Assembleia Legislativa de São Paulo e lembrou o assassinato de duas crianças por agentes do estado na capital paulista, um deles pela Polícia Militar (PM) e o outro pela Guarda Civil Metropolitana (GCM) neste mês.

“O ato pretende chamar a atenção da sociedade com relação à violência policial e institucional contra crianças e jovens e a falta de políticas públicas voltadas ao público infantojuvenil no estado de São Paulo e no Brasil”, disse Lucas Antonio, membro do Fórum Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente de São Paulo, entidade que organizou o ato.

Em debate durante o evento, estudantes secundaristas e militantes em defesa dos direitos humanos contextualizaram a vida de Ítalo Ferreira de Jesus Siqueira, de 10 anos, que furtou um carro na região do Morumbi e acabou morto por policiais.

O menino foi afastado dos pais aos 8 anos e ficou sob tutela do estado, que, por sua vez, não garantiu seus direitos básicos, como saúde, educação, moradia e dignidade.

“Em julho de 2015, o Unicef [Fundo das Nações Unidas para a Infância] divulgou uma pesquisa que revelou que 28 crianças e adolescentes são assassinados por dia no Brasil. Dados recentes divulgados pela Ouvidoria de Polícia de São Paulo mostram que, de 2010 à 2016, 191 crianças e adolescentes com até 16 anos foram mortas por policiais em São Paulo”, disse o advogado Ariel de Castro Alves, membro do Conselho Estadual de Direitos Humanos (Condepe) e do Movimento Nacional de Direitos Humanos.

Segundo Alves, esses números mostram que existe um extermínio de crianças e jovens no país motivado pela vulnerabilidade social e pela fragilidade dos programas públicos educacionais e de proteção social, que favorecem a entrada de crianças e jovens na criminalidade e também “devido aos assassinatos cometidos por agentes do estado, principalmente por policiais militares”.

Relembre os casos

Em 2 de junho, o menino Ítalo Ferreira de Jesus Siqueira, de 10 anos, foi morto por policiais militares. Ítalo e um amigo furtaram um carro na garagem de um condomínio no bairro Morumbi.

Os policiais perceberam o furto e saíram em perseguição ao veículo, um Daihatsu Terios. Ítalo foi baleado pelos PMs e morreu no local.

Segundo a PM, Ítalo fez três disparos contra os policiais com uma arma calibre 38, no entanto, o menino sobrevivente disse, em seu último depoimento, que não houve confronto com a polícia, e não foram encontradas marcas dos tiros que teriam sido disparados pelo garoto.

No dia 25 do mesmo mês, Waldik Gabriel Silva Chagas foi vítima de um guarda-civil metropolitano. Segundo a versão policial, os guardas foram avisados por motoqueiros, que não se identificaram, de que teriam sido roubados por ocupantes de um Chevette prata.

Após perseguição, os suspeitos teriam atirado contra a viatura e o guarda Caio Muratori teria revidado, atingindo o menino Waldik, que estava no banco traseiro do carro.

Uma equipe pericial constatou, no carro usado pelos suspeitos, que havia apenas uma marca de tiro, a efetuada pelo guarda-civil que matou o garoto.

Os vidros do veículo estavam fechados, o que deixa dúvidas quanto à possibilidade de revide pelos acusados. Nenhuma arma foi encontrada.

Acompanhe tudo sobre:GenocídioMortesNegrosPobrezaPolícia MilitarPoliciaisViolência policial

Mais de Brasil

Após jovem baleada, Lewandowski quer acelerar regulamentação sobre uso da força por policiais

Governadores avaliam ir ao STF contra decreto de uso de força policial

Queda de ponte: dois corpos são encontrados no Rio Tocantins após início de buscas subaquáticas

Chuvas intensas atingem Sudeste e Centro-Norte do país nesta quinta; veja previsão do tempo