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Atletas das Olimpíadas deverão pagar por ar-condicionado

Após uma nova rodada de cortes de custos dos organizadores da Rio 2016, será solicitado que os atletas paguem para ter ar-condicionado em seus dormitórios

Olimpíadas 2016: decisões finais sobre o que e em quanto cortar deverão ser tomadas na semana que vem (Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 3 de dezembro de 2015 às 20h17.

A crise econômica do Brasil finalmente atingiu os Jogos Olímpicos . Após uma nova rodada de cortes de custos dos organizadores da Rio 2016, será solicitado que os atletas paguem para contar com ar-condicionado em seus dormitórios.

Os equipamentos dos estádios serão reduzidos ao essencial. Não haverá carros chiques, nem alimentos gourmet para os VIPs.

“O objetivo aqui é organizar os jogos sem financiamento público e organizar jogos que façam sentido sob o ponto de vista econômico”, disse o porta-voz da Rio 2016, Mario Andrada, em entrevista.

Esse foco econômico mudou radicalmente nos seis anos desde que o Rio ganhou o direito de sediar os Jogos -- pela primeira vez na América do Sul. Na época, o governo brasileiro prometeu US$ 700 milhões para qualquer derrapagem no orçamento.

E então a economia estagnou. O desemprego subiu e a moeda local, o real, perdeu um terço de seu valor em relação ao dólar no último ano.

Agora, com custos que subiram para R$ 2 bilhões (US$ 520 milhões) acima do orçamento e o compromisso público posto em dúvida, os organizadores precisarão respeitar firmemente o montante de R$ 7,4 bilhões que esperam receber dos patrocinadores, da venda de ingressos e de subsídio do Comitê Olímpico Internacional.

As decisões finais sobre o que e em quanto cortar deverão ser tomadas na semana que vem, disse Andrada.

O comitê planeja ter, no momento em que as Olimpíadas começarem, 500 profissionais remunerados a menos que os 5.000 originalmente estimados. Os cortes mais profundos provavelmente virão das áreas operacionais, como catering, transporte e serviços de limpeza.

Nível ameaçado

A transferência do custo do ar-condicionado e de outras comodidades da cidade-sede para o comitê olímpico de cada país -- ou para os próprios atletas -- não é bobagem, disse Nick Symmonds, corredor com participações em duas Olimpíadas.

“O mundo quer sintonizar a TV e ver os maiores atletas do mundo competirem no nível absolutamente mais elevado”, disse Symmonds.

“Se você não oferecer a eles uma boa alimentação, um bom lugar para dormir e uma temperatura confortável, eles não conseguirão se recuperar e trazer o produto de nota máxima que o mundo está exigindo. Cortar o orçamento da hospedagem e do conforto dos atletas só vai tirar o valor dos jogos”.

Andrada disse que o ar-condicionado é uma “necessidade absoluta” em algumas áreas, mas não nos quartos.

O evento de 17 dias, que começa em 5 de agosto, será realizado no inverno do Rio e a temperatura média durante o dia estará na casa dos 20 graus Celsius. Alguns dias são muito mais quentes, contudo: em agosto passado os termômetros chegaram a marcar 35 graus Celsius.

Ricos e pobres

Outras pessoas temem que os cortes ressaltem ainda mais o abismo entre os atletas dos países ricos e os dos países pobres. (Alguns atletas de elite, como os jogadores da NBA que se juntam à equipe de basquete dos EUA, preferem hotéis de luxo às acomodações da Vila Olímpica).

Aqueles que podem pagar um valor extra pelo ar-condicionado ou que viajam com laptops ou iPads (o comitê organizador descartou os planos de oferecer TVs nos quartos individuais) contarão com esses itens; os demais, não.

“Algumas pessoas não aceitarão isso porque não precisam aceitar, mas outras serão obrigadas a aceitar porque não terão alternativa”, disse Rick Burton, ex-diretor de marketing do Comitê Olímpico dos EUA.

“Será que o COI se sentirá obrigado a entrar no jogo e elevar os padrões para que todos sejam tratados de forma igualitária? Ou dará uma declaração de que este é o melhor que este país-sede pode oferecer?”.

Uma porta-voz do COI classificou os ajustes nos custos como parte de “um processo normal” dos organizadores das Olimpíadas nesta fase. “O COI está trabalhando de perto com a equipe do Rio para garantir que as Olimpíadas cumpram suas metas orçamentárias e entreguem uma grande Olimpíada para todos os participantes”, escreveu ela, em um e-mail.

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Os equipamentos dos estádios serão reduzidos ao essencial. Não haverá carros chiques, nem alimentos gourmet para os VIPs.

“O objetivo aqui é organizar os jogos sem financiamento público e organizar jogos que façam sentido sob o ponto de vista econômico”, disse o porta-voz da Rio 2016, Mario Andrada, em entrevista.

Esse foco econômico mudou radicalmente nos seis anos desde que o Rio ganhou o direito de sediar os Jogos -- pela primeira vez na América do Sul. Na época, o governo brasileiro prometeu US$ 700 milhões para qualquer derrapagem no orçamento.

E então a economia estagnou. O desemprego subiu e a moeda local, o real, perdeu um terço de seu valor em relação ao dólar no último ano.

Agora, com custos que subiram para R$ 2 bilhões (US$ 520 milhões) acima do orçamento e o compromisso público posto em dúvida, os organizadores precisarão respeitar firmemente o montante de R$ 7,4 bilhões que esperam receber dos patrocinadores, da venda de ingressos e de subsídio do Comitê Olímpico Internacional.

As decisões finais sobre o que e em quanto cortar deverão ser tomadas na semana que vem, disse Andrada.

O comitê planeja ter, no momento em que as Olimpíadas começarem, 500 profissionais remunerados a menos que os 5.000 originalmente estimados. Os cortes mais profundos provavelmente virão das áreas operacionais, como catering, transporte e serviços de limpeza.

Nível ameaçado

A transferência do custo do ar-condicionado e de outras comodidades da cidade-sede para o comitê olímpico de cada país -- ou para os próprios atletas -- não é bobagem, disse Nick Symmonds, corredor com participações em duas Olimpíadas.

“O mundo quer sintonizar a TV e ver os maiores atletas do mundo competirem no nível absolutamente mais elevado”, disse Symmonds.

“Se você não oferecer a eles uma boa alimentação, um bom lugar para dormir e uma temperatura confortável, eles não conseguirão se recuperar e trazer o produto de nota máxima que o mundo está exigindo. Cortar o orçamento da hospedagem e do conforto dos atletas só vai tirar o valor dos jogos”.

Andrada disse que o ar-condicionado é uma “necessidade absoluta” em algumas áreas, mas não nos quartos.

O evento de 17 dias, que começa em 5 de agosto, será realizado no inverno do Rio e a temperatura média durante o dia estará na casa dos 20 graus Celsius. Alguns dias são muito mais quentes, contudo: em agosto passado os termômetros chegaram a marcar 35 graus Celsius.

Ricos e pobres

Outras pessoas temem que os cortes ressaltem ainda mais o abismo entre os atletas dos países ricos e os dos países pobres. (Alguns atletas de elite, como os jogadores da NBA que se juntam à equipe de basquete dos EUA, preferem hotéis de luxo às acomodações da Vila Olímpica).

Aqueles que podem pagar um valor extra pelo ar-condicionado ou que viajam com laptops ou iPads (o comitê organizador descartou os planos de oferecer TVs nos quartos individuais) contarão com esses itens; os demais, não.

“Algumas pessoas não aceitarão isso porque não precisam aceitar, mas outras serão obrigadas a aceitar porque não terão alternativa”, disse Rick Burton, ex-diretor de marketing do Comitê Olímpico dos EUA.

“Será que o COI se sentirá obrigado a entrar no jogo e elevar os padrões para que todos sejam tratados de forma igualitária? Ou dará uma declaração de que este é o melhor que este país-sede pode oferecer?”.

Uma porta-voz do COI classificou os ajustes nos custos como parte de “um processo normal” dos organizadores das Olimpíadas nesta fase. “O COI está trabalhando de perto com a equipe do Rio para garantir que as Olimpíadas cumpram suas metas orçamentárias e entreguem uma grande Olimpíada para todos os participantes”, escreveu ela, em um e-mail.

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