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As articulações de Temer antes da leitura de denúncia

A Câmara dos Deputados deve realizar nesta segunda-feira a leitura da denúncia feita pelo ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra Temer

Temer: leitura da segunda denúncia contra o presidente deve acontecer nesta segunda-feira na Câmara (Darren Ornitz/Reuters)

Temer: leitura da segunda denúncia contra o presidente deve acontecer nesta segunda-feira na Câmara (Darren Ornitz/Reuters)

EH

EXAME Hoje

Publicado em 25 de setembro de 2017 às 06h57.

Última atualização em 25 de setembro de 2017 às 08h13.

A Câmara dos Deputados deve realizar nesta segunda-feira a leitura da denúncia feita pelo ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente Michel Temer, acusado de formar uma organização criminosa e por tentativa de obstrução de justiça. A leitura da denúncia é o início oficial do processo na Câmara, que decide se o Supremo Tribunal Federal pode ou não tornar o presidente réu. Caso isso aconteça, o presidente seria afastado por seis meses.

A leitura estava programada para a última sexta, mas somente dois deputados foram até o plenário. JHC (PSB-AL), que presidiu a sessão, e Celso Jacob (PMDB-RJ), que precisa estar na Câmara mesmo nas sextas – quando seus pares já estão em suas casas – porque está preso em regime semiaberto. Jacob deve estar em seu ambiente de trabalho quando não está na prisão.

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As segundas normalmente também têm um quórum baixo no Congresso, mas a intenção do governo é eliminar a denúncia e destrancar a pauta da Câmara o mais rápido possível. Temer passou o domingo recebendo aliados e ministros para articular como barrar a denúncia.

O presidente da casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tem dito que acredita ser possível votar a denúncia até o final de outubro. Desde a leitura, foram necessários 35 dias para que o governo conseguisse barrar a primeira denúncia de Janot, que acusava Temer de corrupção passiva.

A pressa do governo tem um motivo claro: a reforma da Previdência. Maia também tem dito que, se não for votada até novembro, a reforma não deve sair. Isso porque existe o recesso de final de ano e, em 2018, todos os olhos estarão voltados para as eleições. A essa altura, pouca gente acredita que de fato a reforma passará da maneira como foi apresentada pela equipe econômica. É provável que exista uma desidratação se o governo ainda insistir em aprovar algo.

Além disso, o governo deve enfrentar toda sorte de pedidos vindos de deputados interessados em emendas e outros favores em troca do próprio voto, como foi durante a primeira denúncia. Ninguém em Brasília aposta que o destino dessa denúncia será diferente do destino da primeira: o arquivamento. Mas os próximos 35 dias ainda devem ser de muita articulação e de cenas de política explícita.
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