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As 10 notícias falsas mais compartilhadas no primeiro turno

Levantamento da Agência Lupa mostra que vídeos fora de contexto, imagens adulteradas e textos enganosos dominaram o Facebook

Facebook: a rede social é a mais usada para compartilhar conteúdos falsos (Getty Images/Getty Images)

Facebook: a rede social é a mais usada para compartilhar conteúdos falsos (Getty Images/Getty Images)

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Clara Cerioni

Publicado em 9 de outubro de 2018 às 17h12.

São Paulo — Desmentir as notícias falsas que circulam pela internet é uma luta ingrata. Apesar disso, checar as inúmeras informações que são compartilhadas por todos os usuários de redes sociais se faz necessária, principalmente durante o período eleitoral.

Para conter o avanço das notícias falsas, neste ano foram intensificados os trabalhos das agências de checagem, como é o caso do Aos Fatos, Agência Lupa e Truco. Outras, ainda, surgiram no contexto das eleições, como Fato ou Fake e o Projeto Comprova, do qual EXAME faz parte.

Desinformação na corrida eleitoral

Durante as eleições, foi histórico o número de vídeos editados ou fora de contexto, fotos adulteradas, áudios forjados e textos enganosos compartilhados pelas redes sociais — principalmente pelo WhatsApp. O resultado disso é que, no vale-tudo das eleições, quem sai perdendo com a desinformação são os brasileiros.

Um levantamento realizado pela Agência Lupa, publicado pela revista Época, mostra que as 10 notícias falsas mais populares antes da votação do primeiro turno tiveram juntas 865 mil compartilhamentos pelo Facebook.

Em primeiro lugar está um vídeo gravado em Campinas durante o jogo da Copa do Mundo deste ano entre Brasil e Sérvia. A filmagem foi divulgada, fora de contexto, afirmando que era um ato de eleitores em solidariedade pela saúde do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), após o ataque com faca que o candidato sofreu em 6 de setembro. Ao todo foram 238,3 mil compartilhamentos.

O segundo lugar ficou com uma imagem, compartilhada 219,8 mil vezes, que dizia que o deputado Jean Wyllys (PSOL) havia aceitado o convite do presidenciável Fernando Haddad (PT) para ser seu ministro da educação em uma eventual vitória petista.

A montagem levava o layout do portal G1 e havia inclusive a assinatura de um jornalista. Ambos os políticos negaram o convite por meio de suas assessorias de imprensa e, a Folha de S.Paulo revelou que o repórter citado na matéria é seu funcionário e nunca poderia produzir conteúdo para outro veículo.

Fake news: Jean Wyllys não recebeu convite para ser ministro da Educação de Haddad

Fake news: Jean Wyllys não recebeu convite para ser ministro da Educação de Haddad (Facebook/Reprodução)

Na terceira posição do ranking está um outro vídeo de um protesto do Movimento Vem pra Rua, a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). O conteúdo, compartilhado por mais de 90 mil vezes, dizia que era uma manifestação a favor de Bolsonaro (#EleSim), em Copacabana, no Rio de Janeiro.

Teorias da conspiração também foram elaboradas para desmerecer a segurança das urnas eletrônicas. No quarto lugar do levantamento está um texto falso que afirmava que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) repassou os códigos das urnas eletrônicas para os venezuelanos. Essa publicação foi replicada 135 mil vezes. Como a informação não é verdadeira, o TSE fez um vídeo para desmentir o boato. 

https://www.youtube.com/watch?v=0coPnvkwsUc

Logo em seguida, na quinta posição, está o episódio da Guiné Equatorial. Na ocasião, informações circularam na internet dizendo que o vice-presidente do país, Teodoro Obiang Mang, havia sido preso no Brasil "com mais de 50 milhões de dólares em dinheiro", além de ter intermediado "várias obras bilionárias" com fomento do BNDES.

De fato, o político da Guiné foi preso no Brasil no dia 14 de setembro. Dinheiros e relógios de luxo foram apreendidos. No entanto, não há nenhuma relação com o BNDES ou com dinheiro proveniente dos órgãos brasileiros. A “notícia”, compartilhada 57,2 mil vezes, acrescentava ainda que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria perdoado “uma dívida bilionária” da Guiné Equatorial quando estava no poder, o que não aconteceu.

Haddad também esteve no centro da sexta fake news mais compartilhada (51,8 mil vezes). Uma montagem atribuía ao petista uma suposta fala de que "cabe ao estado decidir se uma criança será menino ou menina". O petista nunca deu essa fala e, por isso, o TSE determinou a remoção deste conteúdo da internet.

José Luiz Datena foi alvo da sétima notícia falsa republicada 35,3 mil vezes. Um vídeo adulterado afirmava que o apresentador apoiava Bolsonaro, mas na verdade a declaração era em apoio ao candidato do PSDB, Geraldo Alckmin. A gravação foi editada para cortar a citação de Datena ao tucano e foi acrescentado o logo do PSL. O próprio apresentador desmentiu a autenticidade do vídeo forjado.

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No oitavo lugar do ranking aparece uma foto, que recebeu 33,8 mil compartilhamentos, em que traficantes do Comando Vermelho (CV) declaravam apoio a Bolsonaro. A imagem, que até o presidenciável publicou em suas redes sociais, é de 2016 e foi adulterada para parecer favorável ao candidato.

A atriz global Patricia Pillar foi protagonista da nona notícia falsa mais propagada. Uma montagem afirmava que ela, ex-mulher do candidato derrotado Ciro Gomes (PDT) era favorável a Bolsonaro e que seu ex-marido a agredia. Com 35,4 mil compartilhamentos, a atriz precisou gravar dois vídeos desmentindo as informações.

Na décima posição está uma foto adulterada para mostrar petistas agredindo um eleitor de Bolsonaro. Com a legenda "estão intimando pessoas que estão adesivando os carros com apoio a Bolsonaro", a foto foi republicada 24 mil vezes. A imagem é de 2015, num protesto sobre a Petrobras.

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