Agência de notícias
Publicado em 13 de dezembro de 2024 às 06h26.
Última atualização em 13 de dezembro de 2024 às 06h31.
O procedimento a que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi submetido na manhã de ontem para minimizar o risco de futuras hemorragias no cérebro foi bem-sucedido e, caso a boa evolução do quadro seja mantida, a alta hospitalar deverá ocorrer na segunda ou terça-feira, segundo a equipe médica. No início da noite, o presidente retirou o dreno intracraniano. De acordo com Roberto Kalil, médico particular do presidente, a previsão é que Lula deixe a UTI hoje.
O presidente passou por uma embolização da artéria meníngea média para evitar novos sangramentos. O procedimento durou cerca de uma hora. A equipe médica afirmou, em entrevista coletiva, que o presidente poderá despachar do Palácio da Alvorada assim que retornar a Brasília, com acompanhamento dos profissionais de saúde.
"Claro que, após o que aconteceu, vai se requerer um repouso relativo por algumas semanas. Mas o presidente está sentado, comendo, conversando, quem trabalha com a mente nunca para. A orientação é um repouso relativo, evitar qualquer tipo de estresse, o que é impossível na posição dele, mas nos próximos dias ele vai conversar com os assessores, normal", disse.
Para o procedimento de ontem, Lula não precisou ser anestesiado, apenas sedado. Foi feita uma punção na virilha, por onde um cateter foi introduzido até o local onde ocorre a embolização. A intervenção começou por volta das 7h20 e terminou antes das 8h30 e, segundo Kalil, o presidente já está acordado e conversando. O procedimento foi realizado em uma sala de cateterismo, e não em centro cirúrgico.
O presidente não pode receber visitas. Desde o início da internação, na noite de segunda-feira, é a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, que o acompanha.
Segundo a equipe médica, este tipo de procedimento é comum em pacientes que se submetem à drenagem de hematoma cerebral, a cirurgia de emergência que Lula fez na madrugada de terça-feira. O risco neste caso é considerado “baixo” pela equipe médica.
Os médicos também informaram ontem que Lula sofreu dois sangramentos após a queda sofrida em outubro.
"Depois da queda, ele desenvolveu um higroma, que é como um hematoma mais líquido dos dois lados (do cérebro). No lado esquerdo, ele teve um crescimento do hematoma, mas depois ele diminuiu muito de tamanho e, agora, se refez agudamente e precisou ser drenado. Do outro lado, teve um crescimento muito lento, mas depois ele (o cérebro) absorveu, e o hematoma desapareceu. Então ele teve um hematoma bilateral e extracraniano subdural. Não foi (dentro) no cérebro, foi entre o crânio e o cérebro, na meninge", explicou o neurologista Rogério Tuma.
Por que Lula não passou cargo a Alckmin mesmo internado em UTI? EntendaÀ noite, após a retirada do dreno, foi divulgado um boletim médico segundo o qual Lula “permanece lúcido e orientado, conversando normalmente, alimentou-se bem e recebeu visitas de familiares”.
Segundo o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Lula segue despachando e assinou dois atos de governo publicados ontem: a lei criando mercado regulado de carbono e um decreto que trata de transformação digital.
"Todos esses temas já haviam sido previamente discutidos com o presidente. Tudo aquilo que tenha prazo para sanção, ele está assinando", afirmou o ministro.
Padilha, contudo, afirmou que a ordem entre os ministros é não levar problemas para o presidente enquanto ele estiver se recuperando da operação.
O ministro Rui Costa (Casa Civil) afirmou que conversou com Lula por chamada de vídeo na quarta-feira. “Ontem (anteontem), conversei por videochamada com o presidente @lulaoficial e ele estava com o bom humor de sempre. Hoje (ontem), ele já realizou o novo procedimento e está muito bem. Em breve, ele estará de volta a Brasília para continuar cuidando do Brasil e dos brasileiros”, escreveu no X. Mais tarde, o ministro fez uma outra postagem relatando que recebeu uma ligação de Lula, que queria saber notícias do governo.
Já o vice Geraldo Alckmin disse que Lula ligou para ele na noite de quarta-feira.
"Ontem (anteontem) o presidente Lula me ligou no comecinho da noite e estava super animado. Eu falei que teria a reunião do Conselhão", disse Alckmin durante o encontro.
A notícia de que Lula precisaria passar por um novo procedimento para tentar prevenir novo sangramento no cérebro pegou de surpresa até mesmo ministros mais próximos do presidente. Sem entender qual intervenção seria feita e por qual motivo seria necessária, auxiliares do Palácio do Planalto ficaram preocupados. O ministro da Casa Civil, ligou para a médica da Presidência, Ana Helena Germóglio, buscando informações.
Germóglio, que acompanha Lula no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, avisou Lula da ligação. No início da noite, pelo celular de Janja, Lula fez uma ligação de vídeo para Rui Costa. A intenção era tranquilizar o governo de que ele estava bem e o procedimento não era algo complexo. Lula já sabia que a realização dessa segunda intervenção era uma hipótese avaliada pelos médicos.
A surpresa gerada nos gabinetes do Planalto provocou novas críticas à comunicação do governo, que vive uma crise desde que Lula afirmou, na última sexta-feira, que será “obrigado a fazer correções necessárias”. O fato de a informação não ter sido divulgada no primeiro boletim médico de quarta-feira foi considerada por integrantes do núcleo de governo um erro e uma “barbeiragem” da comunicação, especialmente por envolver um tema ainda mais sensível, que é a saúde do presidente.
A equipe médica defendia só tornar pública a informação sobre a intervenção em coletiva de imprensa marcada para as 10h de ontem, mas Lula e a primeira-dama preferiram antecipar a notícia. O procedimento foi informado pela equipe médica no boletim divulgado pelo Sírio-Libanês às 16h30 de quarta.