Após parques, governo quer repassar florestas para iniciativa privada
O governo incluiu três florestas no estado do Amazonas e áreas de preservação no Programa de Parcerias de Investimentos
Agência O Globo
Publicado em 19 de fevereiro de 2020 às 17h10.
Brasília — Depois de incluir parques nacionais em seu programa de concessões, o governo federal decidiu também repassar florestas para o controle da iniciativa privada. Em reunião nesta quarta-feira, o governo incluiu três florestas no estado do Amazonas no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI).
O PPI é o departamento do governo responsável pelas concessões. O órgão foi transferido da Casa Civil da Presidência da República para o Ministério da Economia no fim deste mês.
A reunião do Conselho do PPI desta quarta foi a primeira sob o comando da pasta. Projetos e políticas qualificados pelo PPI passam a compor a carteira do programa e tornam-se, a partir de então, prioridade nacional.
Foram incluídas para concessão as florestas de Humaitá, de Iquiri, e de Castanho. Todos terão um prazo de concessão de 40 anos. Também foram incluídos os parques nacionais de Canela e São Francisco de Paula, ambos no Rio Grande do Sul.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente, um parque nacional é uma “área destinada à preservação dos ecossistemas naturais e sítios de beleza cênica”. Já uma floresta é uma “área com cobertura florestal onde predominam espécies nativas, visando o uso sustentável e diversificado dos recursos florestais e a pesquisa científica”.
— Vamos delegar para a iniciativa privada o manejo sustentável das florestas. Isso vai permitir o controle sustentável dessas florestas — Martha Sellier, secretária especial do PPI.
A Floresta Nacional do Humaitá, localizada no município de mesmo nome, tem área aproximada de 468 mil hectares, dos quais cerca de 310 mil podem ser destinados ao manejo empresarial.
A estimativa de produção anual é de 155 mil m3 de madeira em tora. Cada hectare equivale a um campo de futebol.
Já a Floresta Nacional do Iquiri tem uma área aproximada de 1,47 milhão de hectares, dos quais aproximadamente 883 mil podem ser destinados ao manejo empresarial. Ela fica no município de Lábrea, próximo aos limites de Acre e Rondônia. A estimativa de produção anual é de 440 mil m3.
Turismo, pesca e terminais em portos
A Floresta de Castanho é uma parte da Gleba Castanho que foi destinada à concessão florestal. Localizada no município de Careiro, a área totaliza cerca de 165 mil hectares, dos quais aproximadamente 120 mil podem ser destinados ao manejo empresarial. A estimativa de produção anual é de 60 mil m3.
Ao todo, foram inseridos 22 projetos no PPI. Além de parques nacional e da floresta nacional, está a política de atração de investimentos privados para o setor de turismo, a concessão de terminais pesqueiros, e o arrendamentos de terminais portuários.
Até agora, segundo o Ministério da Economia, foram leiloados 172 projetos pelo PPI. Isso irá gerar cerca de R$ 700 bilhões de investimentos nos próximos anos, segundo a pasta, além de de R$ 137 bilhões em pagamentos para a União.
Esses valores, porém, incluem leilões de petróleo, que historicamente geram grandes volumes de investimentos e receitas e são coordenados pelo Ministério de Minas e Energia e pela Agência Nacional de Petróleo (ANP).
Os projetos inscritos no PPI
- Política de atração de investimentos privados para o setor de turismo;
- Arrendamentos portuários (Porto Aratu – BA; Porto de Maceió – AL; Porto de Santana – AP; Porto de Paranaguá – PR; e
- Porto de Vila do Conde – PA);
- Inclusão da BR-040/DF/MG/GO;
- Concessões de parques (Canela e São Francisco de Paula – RS) e florestas (Floresta Humaitá, Floresta Iquiri, e Floresta Castanho - AM);
- Leilões envolvendo geração de energia nova e de transmissão de energia elétrica;
- Direitos minerários da Agência Nacional de Mineração;
- Qualificação da Ceitec no Programa Nacional de Desestatização (PND);
- Inclusão de lote de participações minoritárias da União no PND;
- Terminais Pesqueiros de Cabedelo—PB, Belém–PA, e Manaus-AM