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Após Funai, Damares Alves quer assumir também a Fundação Palmares

Em atividade desde 1988, a fundação é voltada para promoção e preservação da arte e da cultura afro-brasileira

Damares: as comunidades quilombolas foram alvos de ataque do presidente eleito Jair Bolsonaro (YouTube/Reprodução)

Damares: as comunidades quilombolas foram alvos de ataque do presidente eleito Jair Bolsonaro (YouTube/Reprodução)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 10 de dezembro de 2018 às 16h04.

Brasília - O novo Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, que terá a Fundação Nacional do Índio (Funai) sob sua tutela, também deverá assumir o comando das atividades da Fundação Palmares, instituição que atualmente está vinculada ao Ministério da Cultura.

A informação foi confirmada ao jornal O Estado de S. Paulo pela futura ministra da pasta, Damares Alves. Questionada sobre o assunto, a ministra confirmou o plano de integrar a fundação criada para incentivar a preservação da arte e da cultura afro-brasileira.

"Estamos estudando isso. Pode ser que a Fundação Palmares fique conosco. Temos de reconhecer o bom trabalho que essa fundação já fez. Esses povos existem, estão aí e não serão ignorados", declarou.

A Fundação Palmares está em atividade desde 1988, tendo sido a primeira instituição pública voltada para promoção e preservação da arte e da cultura afro-brasileira.

Neste período, emitiu mais de 2.400 certificações para comunidades quilombolas no País. O documento reconhece os direitos das comunidades quilombolas e dá acesso aos programas sociais do governo federal.

As comunidades quilombolas foram alvos de ataque do presidente eleito Jair Bolsonaro durante discurso realizado no Clube Hebraica, no Rio, em abril de 2017.

"Eu fui em um quilombo em Eldorado Paulista. Olha, o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas", afirmou o então deputado. Bolsonaro disse ainda que os quilombolas da comunidade "não fazem nada" e "nem para procriador eles servem mais".

Bolsonaro foi alvo de ação do Ministério Público Federal. Em junho deste ano, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, defendeu o recebimento da denúncia contra ele por racismo e manifestação discriminatória contra quilombolas, indígenas e refugiados.

O parecer foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF). Para Raquel, as palavras utilizadas por Jair Bolsonaro ultrapassaram a liberdade de pensamento e transbordam para o conteúdo discriminatório e preconceituoso aos grupos aos quais ofende.

Em setembro, porém, a 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República contra Bolsonaro pelo crime de racismo por ter se referido ao peso de quilombolas por arrobas, medida usada para pesagem de animais.

O julgamento estava empatado em 2 a 2, mas o ministro Alexandre de Moraes trouxe voto-vista no sentido de arquivar o caso.

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