Após fim de lockdown, São Luís oscila e registra picos da covid-19
O governador diz que não descarta uma nova paralisação, mas mantém um cronograma de liberar o funcionamento de shoppings a partir de 15 de junho
Estadão Conteúdo
Publicado em 11 de junho de 2020 às 16h40.
Os números de novas infecções pelo novo coronavírus seguem elevados na Ilha de São Luís . Desde o fim do lockdown, no dia 18 de maio, novos recordes da doença vêm sendo notificados.
O pico foi no dia 22 de maio, quando 468 pessoas foram diagnosticadas. Os números continuaram acima das 400 infecções nos dias 23 e 24 de maio e um novo pico ocorreu no dia 6 de junho, com 447 infecções.
Em relação ao número de mortes, a semana dos dias 24 a 30 de maio contou com 40 óbitos e, nos últimos três dias de junho (7, 8 e 9), já são contabilizados 29 mortes pela doença.
Na avaliação do professor doutor Antônio Augusto Moura, epidemiologista da Universidade Federal do Maranhão, o lockdown em São Luís deveria ter durado mais duas semanas.
"Durante o lockdown atingimos um percentual inferior a 1 de transmissão da doença, o que é considerável algo seguro. Porém, agora voltamos para 1,2, que significa a manutenção da transmissão da doença", explicou o especialista.
Moura alerta que, no Maranhão, existem quatro novos epicentros da covid-19. Trata-se das cidades de Imperatriz (2.729 casos e 125 mortes); Santa Inês (2.605 casos e 23 mortes); Açailândia (1.838 casos e 19 mortes) e Chapadinha (1.404 casos e 6 mortes). Na cidade de Imperatriz, o Ministério Público Estadual e a Defensoria Pública Estadual entraram no dia 22 de maio com um pedido de lockdown na Justiça, porém houve negativa.
O professor da UFM ainda afirmou que a doença não está sob controle e que ainda existe 88% de subnotificação dos casos da covid-19 no Maranhão. "Com a flexibilização, temos novos indícios de que a doença está voltando a ganhar números expressivos", avaliou.
O Governo Estadual, porém, não tem a mesma avaliação. Na última segunda-feira, 8, em entrevista coletiva, o governador Flávio Dino (PCdoB) avaliou que é possível flexibilizar comércio e serviços, uma vez que o número de ocupação dos leitos de hospitais da rede pública vem caindo, assim como o índice da rede privada. Na Ilha de São Luís, a taxa de ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é de 87%, e os clínicos, de 23%.
Em relação aos testes, a Secretaria de Saúde do Estado informou, por meio do seu boletim, que foram realizados 81.228 exames até o dia 9 de junho. Até o dia 18 de maio, último dia de lockdown, apenas 18.096 tinham sido feitos.
Apesar do aumento de exames realizados, o epidemiologista Antônio Augusto Moura afirma que ainda existe um percentual de 88% de subnotificação em todo o Maranhão, ou seja, existe uma possibilidade de uma nova onda de pacientes graves, o que levaria à lotação das unidades hospitalares, assim como o risco de existir filas de espera para ocupação de leitos.
Dino afirma não descartar um novo lockdown, porém mantém um cronograma de liberar o funcionamento de shoppings centers a partir do dia 15 de junho, academias a partir de 22 de junho, bares e restaurantes no dia 29 de junho e a volta às aulas da graduação no dia 1.º de julho.