Brasil

Após cobrança, Secretário de Estado dos EUA liga para chanceler brasileiro

De acordo com o Itamaraty, os dois "discutiram o que é possível fazer para encerrar as operações militares em curso

 (Jim Lo Scalzo/EPA/Bloomberg/Getty Images)

(Jim Lo Scalzo/EPA/Bloomberg/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 25 de fevereiro de 2022 às 16h17.

O Secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, telefonou para o ministro das Relações Exteriores, Carlos França na manhã desta sexta-feira, 25, para tratar dos ataques da Rússia à Ucrânia e sobre a posição do governo brasileiro acerca do conflito.

De acordo com o Itamaraty, os dois "discutiram o que é possível fazer para encerrar as operações militares em curso, restaurar a paz e impedir que a população civil continue a sofrer as consequências do conflito".

Na véspera, a diplomacia americana havia manifestado desejo de que o Brasil condenasse os ataques e assumisse postura mais crítica sobre a ação militar desencadeada pelo presidente russo, Vladimir Putin.

VEJA TAMBÉM:

"Qualquer declaração que condene as ações russas, como violações do direito internacional e da carta das Nações Unidas, ajuda e é bem-vinda. Um pedido de desescalada das hostilidades ao povo ucraniano e de retirada das tropas é um passo importantes para todos os países", disse o atual chefe da diplomacia americana em Brasília, Douglas Koneff. "O Brasil é um País importante, tem assento no Conselho de Segurança. A voz do Brasil importa".

O que começou como uma troca de acusações, em novembro do ano passado, evoluiu para uma crise internacional com mobilização de tropas e de esforços diplomáticos

A mensagem faz parte do esforço de Washington para demonstrar força e união das demais nações democráticas contra os ataques da Rússia. O mesmo movimento de pressão sobre o governo brasileiro tem sido feito por embaixadores de países da Europa, que cobram do Brasil uma posição mais clara a respeito da guerra.

Até o momento, o governo brasileiro disse somente que adota um tom de "equilíbrio" diante do conflito e vê os acontecimentos "com grande preocupação".

Definição

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que uma posição definitiva cabe somente a ele. Na quinta-feira 24, o chefe do Executivo desautorizou o vice-presidente, Hamilton Mourão, que havia declarado que o Brasil não é neutro no conflito e não concorda com a invasão do território ucraniano.

Em uma transmissão ao vivo ao lado do chanceler Carlos França, Bolsonaro, porém, não disse o que pensa a respeito da ação militar russa.

"Deixar bem claro: o artigo 84 da Constituição diz que quem fala sobre esse assunto é o presidente. E o presidente chama-se Jair Messias Bolsonaro. E ponto final. Com todo respeito a essa pessoa que falou isso - e falou mesmo, eu vi as imagens - está falando algo que não deve. Não é de competência dela. É de competência nossa", afirmou Bolsonaro.

Cerca de 500 brasileiros estão na Ucrânia. O Itamaraty informou que não existe um plano para evacuação porque não existem condições mínimas de segurança para a saída por terra. O espaço aéreo ucraniano está fechado.

Acompanhe tudo sobre:Estados Unidos (EUA)Governo BolsonaroItamaratyRússiaUcrânia

Mais de Brasil

São Paulo tem 88 mil imóveis que estão sem luz desde ontem; novo temporal causa alagamentos

Planejamento, 'núcleo duro' do MDB e espaço para o PL: o que muda no novo secretariado de Nunes

Lula lamenta acidente que deixou ao menos 38 mortos em Minas Gerais: 'Governo federal à disposição'

Acidente de ônibus deixa 38 mortos em Minas Gerais