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Antes do bisturi, médico opta pela impressora 3D

A técnica permite que o médico planeje a cirurgia e produza próteses e implantes personalizados, com base num protótipo da área a ser operada.


	SUS: em seis anos, triplicou número de cirurgias de reconstrução feitas no Sistema Único de Saúde com auxílio da tecnologia tridimensional
 (Agência Brasil)

SUS: em seis anos, triplicou número de cirurgias de reconstrução feitas no Sistema Único de Saúde com auxílio da tecnologia tridimensional (Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 9 de dezembro de 2013 às 14h53.

São Paulo - Planejar virtualmente os cortes e implantes de uma cirurgia complexa e definir todos os detalhes da operação com um molde do órgão humano produzido por uma impressora 3D.

O relato parece futurístico, mas já faz parte da rotina de hospitais públicos do Brasil. Em seis anos, triplicou o número de cirurgias de reconstrução feitas no Sistema Único de Saúde (SUS) com o auxílio da tecnologia tridimensional.

A técnica permite que o médico planeje a cirurgia e produza próteses e implantes personalizados, com base num protótipo da área a ser operada. “

"O hospital nos manda o resultado da tomografia ou ressonância e, com o software InVesalius, conseguimos tornar tridimensional a imagem, que, em seguida, vai para a impressora e se transforma num modelo idêntico ao que será operado"”, afirma Jorge Vicente Lopes da Silva, chefe da Divisão de Tecnologias Tridimensionais do Centro de Tecnologia da Informação Renato Ascher (CTI), órgão de pesquisa em Campinas (SP) vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Ali, ficam nove dessas impressoras.

Foi também no CTI que os pesquisadores desenvolveram o software, em 2001. Depois disso, o número de cirurgias só aumentou. Em 2007, 135 operações foram feitas no país com o auxílio da tecnologia. Em 2012, foram 480 (mais de uma por dia). “Por causa dos bons resultados, conseguimos apoio do Ministério da Saúde. Já foram repassados R$ 2,5 milhões nos últimos quatro anos e temos aprovado mais R$ 1,9 milhão para os próximos dois anos”, diz Silva. Como contrapartida, o CTI atende apenas hospitais públicos ou filantrópicos, sem cobrar nada. São 120 unidades ajudadas por ano, em média.

Referência em casos graves de traumas, o Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas (HC) é um dos principais usuários da tecnologia. “O planejamento prévio diminui o tempo de cirurgia e, consequentemente, os riscos para o paciente e os custos do procedimento”, diz o engenheiro-chefe do laboratório de biomecânica do IOT, Tomaz Puga Leivas.

Reconstrução

Com o planejamento e a produção de implantes personalizados, os médicos também conseguem melhores resultados estéticos. Foi graças à tecnologia 3D que o auxiliar de armazenagem Pedro Victor Pereira dos Santos, de 24 anos, pôde ter a face reconstruída, após um acidente de moto sofrido em 2010. “Estava dirigindo sem capacete, perdi o controle e bati a cabeça em um tronco. Perdi metade do meu crânio”, afirma.

O acidente deixou Santos com afundamento na testa. Em 2012, passou por cirurgia no Hospital Sobrapar, de Campinas, unidade filantrópica especializada em crânio e face. “Minha cabeça estava deformada e eu estava deprimido. A cirurgia mudou tudo. Nem eu esperava que o resultado fosse ficar tão natural.”

Vice-presidente do centro médico, o cirurgião plástico Cassio Eduardo Raposo do Amaral diz que o uso da tecnologia 3D foi indispensável no caso de Santos. “Ele perdeu metade da estrutura óssea do crânio. Com o auxílio da impressão 3D, fizemos um implante customizado. Hoje, não dá para pensar em uma cirurgia dessas sem o uso da tecnologia.”

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