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Anistia Internacional acusa abuso policial em protestos

Documento omite o papel de toda a rede de comando da repressão e dos blacks blocs nos casos de violência

Policiais deêm manifestantes em protesto contra a Copa do Mundo no Brasil, em São Paulo (Paulo Whitaker/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 5 de junho de 2014 às 21h00.

Brasília - A Anistia Internacional lançou nesta quinta-feira, 5, num ato em frente ao Congresso, documento de denúncia de abuso das polícias nas manifestações pacíficas de rua.

O relatório "Eles usam uma estratégia de medo: proteção do direito ao protesto no Brasil", de 24 páginas, omite o papel de toda a rede de comando da repressão e dos blacks blocs nos casos de violência.

A entidade não cita o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e os governadores de Brasília, Agnelo Queiroz, e de São Paulo, Geraldo Alckmin, que defenderam abertamente as táticas usadas pelas polícias.

Também ignora os secretários estaduais de segurança, superiores dos comandantes das tropas.

Ao dar ênfase em casos de abusos, o documento superdimensiona o papel dos policiais que estão no front dos protestos, como se os agentes tivessem o poder de decidir sobre o uso de gás e balas de borracha em áreas de hospitais e escolas.

As "autoridades locais", como os políticos das grandes cidades aparecem num trecho do documento, são cobrados apenas por uma suposta omissão de investigar os abusos cometidos pelas tropas.

O texto faz parte da campanha da Anistia "Brasil, chega de bola fora!". A entidade vai protocolar, às 11 horas, no Palácio do Planalto, 87 mil assinaturas de apoio à campanha.

Em entrevista ao Estado, Atila Roque, diretor executivo da Anistia Internacional, no Brasil, afirma que a proposta do documento é focar no governo federal - que centraliza o comando da segurança de grandes eventos, como a Copa do Mundo - e no Congresso - instituição onde tramitam leis que põem risco o direito da manifestação pacífica.

Ele ressalta que, embora não apareçam no documento, os governadores e secretários de segurança foram procurados pela entidade para explicar a violência por parte das polícias.

"Está claro para nós a cadeia de responsabilidades", afirmou. "De forma alguma pode ser atribuído (o problema da violência contra manifestantes) ao policial, pessoa que está na ponta."

Atila Roque citou um estudo da Fundação Getúlio Vargas, feito neste ano, em que mais de 60% de policiais ouvidos na pesquisa se declararam despreparados para atuar nos protestos.

Ele ressaltou ainda que a Anistia se posiciona contra todos os grupos de manifestantes que praticam violência. O documento, segundo ele, analisa os agentes que detêm o uso legítimo da força.

"A Anistia não está desatenta à violência como um todo. Somos contra a violência seja de onde for", disse. "É importante ressaltar que essa é uma ação que vai continuar. Vamos acompanhar de perto nos Estados."

O termo "Black Bloc" só é citado no documento numa roda de rodapé da página 22, de forma lateral.

Nas manifestações de rua, o movimento Black Bloc é alvo principal da polícia e, ao mesmo tempo, justificativa apresentada pelos agentes de segurança para o aumento da repressão.

O documento da Anistia Internacional analisa o caso do fotógrafo Sérgio Andrade, 32 anos, de São Paulo, que perdeu a visão do olho esquerdo, atingido por uma bala de borracha disparada pela polícia militar.

Andrade relata que no dia 13 de junho do ano passado, quando foi atacado, a polícia atirou ainda em pessoas que não participavam do protesto ao aumento da passagem de ônibus.

O texto não cita um caso emblemático, o da morte do cinegrafista da TV Bandeirantes, Santiago Andrade, atingido no dia 6 de fevereiro deste ano por um rojão arremessado por um manifestante contra policiais.

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A entidade não cita o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e os governadores de Brasília, Agnelo Queiroz, e de São Paulo, Geraldo Alckmin, que defenderam abertamente as táticas usadas pelas polícias.

Também ignora os secretários estaduais de segurança, superiores dos comandantes das tropas.

Ao dar ênfase em casos de abusos, o documento superdimensiona o papel dos policiais que estão no front dos protestos, como se os agentes tivessem o poder de decidir sobre o uso de gás e balas de borracha em áreas de hospitais e escolas.

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O texto faz parte da campanha da Anistia "Brasil, chega de bola fora!". A entidade vai protocolar, às 11 horas, no Palácio do Planalto, 87 mil assinaturas de apoio à campanha.

Em entrevista ao Estado, Atila Roque, diretor executivo da Anistia Internacional, no Brasil, afirma que a proposta do documento é focar no governo federal - que centraliza o comando da segurança de grandes eventos, como a Copa do Mundo - e no Congresso - instituição onde tramitam leis que põem risco o direito da manifestação pacífica.

Ele ressalta que, embora não apareçam no documento, os governadores e secretários de segurança foram procurados pela entidade para explicar a violência por parte das polícias.

"Está claro para nós a cadeia de responsabilidades", afirmou. "De forma alguma pode ser atribuído (o problema da violência contra manifestantes) ao policial, pessoa que está na ponta."

Atila Roque citou um estudo da Fundação Getúlio Vargas, feito neste ano, em que mais de 60% de policiais ouvidos na pesquisa se declararam despreparados para atuar nos protestos.

Ele ressaltou ainda que a Anistia se posiciona contra todos os grupos de manifestantes que praticam violência. O documento, segundo ele, analisa os agentes que detêm o uso legítimo da força.

"A Anistia não está desatenta à violência como um todo. Somos contra a violência seja de onde for", disse. "É importante ressaltar que essa é uma ação que vai continuar. Vamos acompanhar de perto nos Estados."

O termo "Black Bloc" só é citado no documento numa roda de rodapé da página 22, de forma lateral.

Nas manifestações de rua, o movimento Black Bloc é alvo principal da polícia e, ao mesmo tempo, justificativa apresentada pelos agentes de segurança para o aumento da repressão.

O documento da Anistia Internacional analisa o caso do fotógrafo Sérgio Andrade, 32 anos, de São Paulo, que perdeu a visão do olho esquerdo, atingido por uma bala de borracha disparada pela polícia militar.

Andrade relata que no dia 13 de junho do ano passado, quando foi atacado, a polícia atirou ainda em pessoas que não participavam do protesto ao aumento da passagem de ônibus.

O texto não cita um caso emblemático, o da morte do cinegrafista da TV Bandeirantes, Santiago Andrade, atingido no dia 6 de fevereiro deste ano por um rojão arremessado por um manifestante contra policiais.

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