Brasil

Aluno cria projeto para ligar campus da USP e favela

De origem pobre, estudante cria projeto que oferece palestras em escolas públicas para mostrar as possibilidades de cursar uma universidade gratuita

Aluna sobe escada na FFLCH - USP (Marcos Santos/USP Imagens/Divulgação)

Aluna sobe escada na FFLCH - USP (Marcos Santos/USP Imagens/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 6 de agosto de 2017 às 15h44.

São Paulo - Para realizar o sonho de se formar em uma universidade, o estudante Lucas Gandolfi, de 25 anos, e sua família saíram de uma casa em Francisco Morato, na região metropolitana de São Paulo, para viver em uma favela da capital, a Canta Galo, na região de Pirituba, na zona norte. Seus pais, uma empregada doméstica e um marceneiro, já trabalhavam na cidade e decidiram que a mudança poderia garantir um futuro melhor para os filhos - a irmã de Gandolfi havia sido aprovada na instituição um ano antes.

Hoje cursando o 4.º ano de Medicina, Gandolfi prestou seis vezes o vestibular - estudou por quatro anos no cursinho da Poli - até ser aprovado. "Por mais que houvesse algum tipo de bonificação para quem vem da escola pública, a defasagem era muito grande", diz.

Por causa da baixa renda de sua família, o estudante poderia pedir uma vaga na moradia estudantil da Faculdade de Medicina da USP (Fmusp), mas preferiu levar os R$ 400 do auxílio oferecido pela universidade para ajudar em casa. Como o curso é em tempo integral, ele não consegue trabalhar. "Viemos para cá em uma condição muito deficitária."

Foi com base nessa experiência de vida que o estudante criou, com ajuda de outros colegas de realidade semelhante, o projeto Semeando Educação, que oferece palestras em escolas públicas para mostrar as possibilidades e oportunidades de se cursar uma universidade gratuita. "Existem muitas pessoas que nem sequer conhecem o vestibular e as oportunidades que uma faculdade pode oferecer", diz Gandolfi.

Quando fazem a peregrinação por escolas, os alunos contam como funciona a vida universitária, dão dicas de como passar no vestibular e apontam possibilidades para estimular quem ainda está no ensino médio. "Uma pessoa da periferia pode se destacar em uma área que ela gosta, adquirir técnica e depois voltar para a comunidade de onde veio para praticar esse conhecimento. Ninguém melhor do que ela para saber os problemas reais dessa comunidade", diz o estudante. O grupo também mantém uma página no Facebook e um blog sobre vestibular.

Moradia subsidiada é um dos desafios

Uma das questões inerentes à chegada de alunos com menos condições é como alojá-los. No câmpus Butantã houve 3.832 inscritos para concorrer a uma bolsa de moradia neste ano, o dobro em relação a 2013. Mas o número de vagas na Cidade Universitária caiu: passou de 206, em 2013, para 165, em 2017. Segundo Anuário Estatístico da USP, em 2016, 16,4% dos ingressantes tinham renda familiar mensal de até três salários mínimos. O governo estuda repasse extra de R$ 260 milhões para moradia e alimentação.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:FavelasUSP

Mais de Brasil

Lira encerra mandato na presidência da Câmara e diz que não terá problemas em voltar a ser deputado

Veja como votou cada deputado na proposta do pacote de corte de gastos

TSE forma maioria para rejeitar candidatura de suspeito de envolvimento com milícia

Fim do DPVAT? Entenda o que foi aprovada na Câmara e o que acontece agora