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Alimento não é vilão da inflação, afirma ministro

Ainda que admita que as commodities agrícolas estejam em alta, ele preparou estudo para provar que os alimentos mais beneficiaram do que prejudicaram a evolução de preços

Confrontado com declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que atribui a alta dos preços às commodities, Rossi reagiu (Arquivo/AGÊNCIA BRASIL)

Confrontado com declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que atribui a alta dos preços às commodities, Rossi reagiu (Arquivo/AGÊNCIA BRASIL)

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Da Redação

Publicado em 23 de dezembro de 2010 às 09h27.

São Paulo - O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, rechaça a análise de que os alimentos são vilões da inflação. Ainda que admita que as commodities agrícolas estejam em alta, ele preparou estudo para provar que os alimentos mais beneficiaram do que prejudicaram a evolução de preços ao longo dos anos. “A avaliação é a de que os preços agrícolas deram grande contribuição para o controle da inflação no País.”

Confrontado com declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que atribui a alta dos preços às commodities, Rossi reage: “Não concordo. Precisamos conter o ímpeto de atribuir à agricultura uma conta que não é dela”. Ontem, o Banco Central também alertou para a disparada das commodities e seu impacto sobre a inflação.

Rossi admite que alguns preços agrícolas estão em alta, como a carne, mas atribui o movimento ao clima, que retardou a estação das chuvas e prejudicou os pastos, e à falta de crédito específico para o setor. Sem caixa, pecuaristas se desfizeram de matrizes no período da crise para “fazer dinheiro”.

Para o ministro, o consumidor paga o preço disso agora. “O boi de pasto entrou menos no mercado, mas voltará a se regularizar”, prevê. “O setor de carnes, no entanto, já foi punido severamente no passado por conta dos preços baixos”. Outro item citado por Rossi foi o feijão, cujo preço assustou consumidores em todo o País. “O pessoal está falando da inflação e cita o feijão, que teve problema dois meses atrás”.

Gangorra

O secretário de Política Agrícola do Ministério, Edilson Guimarães, mostra como o preço pago ao produtor é volátil. O feijão está 30% mais barato do que há uma semana e 40% inferior ao negociado há um mês. O grão, porém, está 61,5% mais caro que há um ano e 4,5% mais barato que há dois anos.

“Isso mostra que o preço está caindo”, diz o secretário. Ele e o ministro pregam que a análise da inflação agrícola seja feita em perspectiva de longo prazo e não em épocas específicas, pois se trata de atividade sujeita a fatores exógenos que influenciam os números pontualmente. No governo Lula, mostra o levantamento, apenas em 2007 e 2008 a inflação dos alimentos e bebidas foi superior ao IPCA. O mesmo deve ocorrer este ano. “Temos picos de preços nessa atividade e nesses anos vimos o crescimento da demanda no mundo todo”.

Rossi rebaterá os que acusam a agricultura de ser a vilã da inflação com números do próprio IBGE: o IPCA acumulado desde o Plano Real (julho de 1994) foi de 270,5%, enquanto o índice do setor de alimentos no mesmo período subiu menos, 228,2%. “O controle da inflação nos últimos anos foi feito pela âncora verde. Fomos a âncora da inflação.”

A presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil Kátia Abreu, engrossa a defesa. Segundo ela, há 40 anos o brasileiro gastava metade da renda com comida e hoje essa fatia não passa de 18%. “A agricultura ajudou a aumentar o poder de compra da população, pois sobra mais dinheiro para as pessoas gastarem com outras coisas.”

Para o economista da LCA Consultores, Francisco Pessoa, o ministro tem razão ao buscar avaliação mais de longo prazo no caso da inflação dos alimentos, em função da atividade do setor ser cíclica. “Assim, há momentos que a agricultura contribui para uma inflação mais baixa e outros em que prejudica”.

 

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