Eduardo Cunha: os próprios integrantes dos partidos do bloco em formação admitem que não garantirão a Cunha os 256 votos que as bancadas dessas legendas somam (Gustavo Lima/Câmara dos Deputados)
Da Redação
Publicado em 29 de janeiro de 2015 às 08h50.
Brasília - Depois de designar aos ministros contemplados com pastas na Esplanada que interviessem em seus partidos em favor do candidato do governo a presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), as bancadas-alvo dessa missão articulam a formação de um "megabloco" de apoio à candidatura do líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), tido como favorito na disputa deste domingo.
O grupo que vem sendo articulado inclui PMDB, PP, PR, DEM, PSC, PRB, Solidariedade, PTB e o conjunto de nanicos chamado de G10 - PHS, PT do B, PSL, PMN, PTN, PRTB, PSDC, PRP, PTC e PEN.
Dessas, quatro siglas ganharam ministérios: PMDB, com seis, que trabalha oficialmente por Cunha; e PP, PR e PRB, cujos ministros tentam angariar votos para Chinaglia.
Os próprios integrantes dos partidos do bloco em formação admitem que não garantirão a Cunha os 256 votos que as bancadas dessas legendas somam.
Um dos líderes partidários acredita poder chegar a 240 votos, apesar de partidos como o PR estarem divididos entre Cunha e Chinaglia.
Também há dúvidas quanto à adesão de todos os membros do G-10. O PEN, por exemplo, com apenas dois parlamentares, deve aderir a Chinaglia.
Caso as negociações avancem, o grupo será anunciado no fim da semana, mas só será oficializado no domingo. Uma vez consolidado e vitorioso, o superbloco garantirá primazia do PMDB, PP, PR e PTB nas escolhas dos principais cargos da Mesa Diretora.
Almoço
Ontem, ministros foram a campo para tentar atrair o apoio de suas bancadas a Chinaglia. Em um almoço em Brasília, os petistas ofereceram espaços na Mesa Diretora e nas comissões em troca da formação de um bloco pró-Chinaglia.
O encontro reuniu dirigentes de oito partidos (PT, PDT, PC do B, PRB, PSD, PROS e PSC) e os ministros Pepe Vargas (Relações Institucionais), Ricardo Berzoini (Comunicações), Antonio Carlos Rodrigues (Transportes), Gilberto Kassab (Cidades) e Gilberto Occhi (Integração Nacional).
PR, PP e PRB ficaram de discutir suas posições e anunciar suas decisões até sábado, véspera do pleito.
O PDT já é dado como certo no grupo pró-Chinaglia. Se confirmadas as novas adesões, o petista elevaria o número de votos de 149 para 231 e, pelos cálculos dos governistas, Chinaglia poderia vencer a eleição em 2.º turno com até 280 votos.
Cunha chamou de "desespero" o encontro. "Não estou fazendo almoço com ministros do PMDB. Os ministros do PMDB estão tendo um comportamento ético", afirmou Cunha. Para o candidato do PMDB, a interferência do governo no processo eleitoral no Legislativo cria um "descompasso" entre aliados da mesma base.
Senado
Na briga pela presidência do Senado, porém, o governo não quer surpresas. Ministros do PT, do PMDB e de partidos aliados, como o PP, estão pedindo votos para Renan Calheiros (PMDB-AL), com a autorização da presidente Dilma Rousseff.
O argumento utilizado é o de que se aliar à candidatura Luiz Henrique (PMDB-SC) é o mesmo que passar para a oposição, pois os dois maiores incentivadores da candidatura dissidente são justamente os dois maiores adversários do governo: os tucanos e os democratas.
O próprio Renan, que só costuma assumir a candidatura no dia da eleição, depois que alguém o lança, em plenário, começou ontem a buscar votos. Ele transformou a casa oficial do presidente do Senado, no Lago Sul, num bunker de campanha.
De lá mesmo acionou o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), para seja convocada uma reunião da bancada peemedebista, quando deverá ser feita a escolha do candidato oficial. A reunião será marcada para sexta-feira ou sábado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.