Aliados admitem que Aécio não atingirá votação prevista
Mesmo com a recuperação nas últimas pesquisas, números ainda são modestos se comparados com os planos feitos pelos tucanos
Da Redação
Publicado em 21 de setembro de 2014 às 18h27.
Sem liderar as pesquisas em seu Estado natal, o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves , refaz as contas para chegar no segundo turno.
Aliados mineiros do senador ouvidos pelo Broadcast Político, serviço em tempo real da Agência Estado, como o presidente do PSDB mineiro, Marcus Pestana, admitem que não será possível atingir a votação prevista anteriormente para o Estado.
A intenção sempre foi abrir grande vantagem sobre Dilma Rousseff em Minas - segundo maior colégio eleitoral do País e governado pelo PSDB há 12 anos - para garantir as chances na votação nacional.
"Não é possível, mudou o cenário, é outra eleição. A previsão era com o Eduardo (Campos) na disputa, ele teria em Minas o que o Aécio tem em Pernambuco (3%)", justifica Pestana, que lembra que Marina venceu em Belo Horizonte nas eleições de 2010.
Mesmo com a recuperação nas últimas pesquisas, os números ainda são modestos se comparados com os planos feitos pelos tucanos.
A última pesquisa Datafolha no Estado mostra Aécio com 26%, enquanto Marina Silva tem 25% e Dilma 33%. O Ibope desta semana mostra um quadro um pouco melhor para o ex-governador de Minas, que aparece com 29%, atrás apenas de Dilma (33%); Marina tem 22%.
No primeiro semestre de 2014, era comum ouvir de tucanos mineiros que o Estado - principal vitrine de Aécio e que foi governado pelo PSDB por 16 anos nas últimas duas décadas anos - era o trunfo para a vitória do neto de Tancredo.
Projetava-se uma diferença de 3 milhões de votos para Dilma Rousseff, que significa cerca de 20% dos mais de 15 milhões de eleitores.
"Além do discurso, Minas é o segundo maior colégio eleitoral no País. Qualquer ponto em Minas faz uma diferença grande. Tem um efeito simbólico muito grande para ele, ficar nesta posição que está em Minas inviabiliza a eleição dele no País", analisa o cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas Marco Antônio Carvalho Teixeira.
Mais que governar, Aécio venceu em Minas três eleições de forma arrebatadora. Duas vitórias no primeiro turno para o governo do Estado - com 57% e 77% dos votos - e uma eleição para o Senado, quando Aécio teve 7,5 milhões de votos e ele elegeu também seu aliado Itamar Franco, deixando o petista Fernando Pimentel fora da disputa.
"Ele superestimou a capacidade dele em Minas, subestimou a capacidade do próprio governo e não olhou adequadamente para 2012. A eleição de 2012 já mostrava sinais de desgaste, o PSDB perdeu prefeituras importantes no Estado", explica o cientista político.
A esperança do PSDB no Estado é que a reação esboçada por Aécio nas últimas pesquisas em território nacional traga de volta para o tucano, oposição mais tradicional ao PT, os eleitores que migraram para Marina Silva no chamado voto útil.
"Há um sentimento majoritário em Minas contra o PT. Quando a Marina despontou em segundo lugar, as pessoas migraram", afirma Pestana, que tem a esperança de que uma reação de Aécio traga de volta para o tucano, oposição mais tradicional ao PT, os que migraram para Marina no chamado voto útil.
Desde que perdeu espaço para Marina Silva, Aécio passou a se dedicar mais a Minas Gerais. Sua presença no Estado e no programa eleitoral de Pimenta da Veiga se intensificaram e sua irmã, Andréa Neves, considerada estrategista importante para os tucanos, passou a se dedicar mais ao Estado.
"Agora o Aécio está mais presente no programa do Pimenta, nas publicidades do Pimenta e do Anastasia. Há um momento novo e, dependendo das próximas pesquisas, na hora que o pessoal perceber a chance da virada do Aécio, isso vai ser uma grande motivação aqui em Minas", disse Pestana.
Marco Antônio Carvalho Teixeira acha que é válida a estratégia de Aécio de concentrar esforços em Minas, já que Aécio tem potencial para crescer no Estado.
O cientista político ressalta, porém, a força do governo federal em municípios do interior. "Minas tem 853 municípios e boa parte deles depende sobretudo do governo federal, não do estadual. O efeito das políticas sociais em Minas é muito grande. A batalha em Minas não é tão fácil quanto se imagina".