(Brazil Photos / Contributor/Getty Images)
AFP
Publicado em 10 de agosto de 2019 às 16h52.
Última atualização em 10 de agosto de 2019 às 18h20.
O governo da Alemanha anunciou neste sábado a suspensão de parte de seus subsídios a projetos de proteção da Floresta Amazônica, devido ao aumento do desmatamento no Brasil desde a chegada do presidente Jair Bolsonaro ao poder.
"A política do governo brasileiro para a Amazônia gera dúvidas sobre a continuação de uma redução sustentável do índice de desmatamento", declarou hoje ao jornal alemão "Tagesspiegel" a ministra alemã do Meio Ambiente, Svenja Schulze.
A primeira etapa consiste em bloquear um subsídio de 35 milhões de euros para projetos de preservação da floresta e da biodiversidade brasileira até que as cifras voltem a ser animadoras, assinala o jornal.
De 2008 a 2019, o governo alemão liberou um total de 95 milhões de euros para diferentes projetos de proteção ambiental no Brasil.
A Alemanha continuará contribuindo para o Fundo Amazônia. Desde o início da sua operação em 2008, a Noruega tem sido de longe a principal doadora (94%), seguida da Alemanha (5%) e da Petrobras (1%).
A forma de governança do fundo e seus contratos vem sendo questionados pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, o que gerou um impasse com as nações doadoras.
Na reportagem, a publicação destacou que desde a criação do fundo, o desmatamento estava recuando de forma considerável. Sob o governo de Jair Bolsonaro, entretanto, houve uma mudança nesta rota, mas o presidente estaria se recusando a combater tal prática.
A reportagem destaca ainda que um dos maiores defensores de Bolsonaro é o lobby do agronegócio e que a região amazônica é amplamente utilizada para o cultivo de soja para ração animal e gado.
Histórico
Na última terça-feira (6), o presidente Jair Bolsonaro falou com ironia dos encontros que teve na última reunião do G20, no Japão, com líderes europeus: "Imagina o prazer que eu tive de conversar com Macron e Angela Merkel".
O discurso ambiental do governo preocupa o agronegócio brasileiro, que vê risco de impacto negativo em exportações e acordos comerciais como aquele entre Brasil e União Europeia, firmado no final de junho.
Na semana passada, foi a vez da revista britânica The Economist colocar em sua capa o aumento do desmatamento na Amazônia brasileira.
Desmatamento em alta
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontou nesta semana que o desmatamento na Amazônia brasileira em julho foi 278% maior do que no mesmo mês de 2018.
Apesar dos dados serem preliminares, a tendência é de alta e costuma ser confirmada posteriormente por outros sistemas.
No dia 19, Bolsonaro afirmou, sem apresentar evidências, que os dados de alta do desmatamento eram mentirosos e sugeriu que Ricardo Galvão, presidente do Inpe, poderia estar “a serviço de alguma ONG”.
Galvão reagiu em defesa do Inpe e foi exonerado. Seu substituto é Darcton Policarpo Damião, que é da Aeronáutica e tem doutorado em desenvolvimento sustentável pela Universidade de Brasília.
(Com Cristian Favaro, do Estadão Conteúdo)