Alcolumbre diz que Senado vai questionar no STF operação contra Bezerra
Um dos questionamentos seria sobre a busca e apreensão no gabinete do senador, com argumento de que na época dos fatos investigados ele não tinha esse cargo
Estadão Conteúdo
Publicado em 19 de setembro de 2019 às 17h34.
Última atualização em 19 de setembro de 2019 às 19h02.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), anunciou que a Mesa Diretora da Casa vai entrar no Supremo Tribunal Federal (STF) questionando a operação da Polícia Federal da qual o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), foi alvo nesta quinta-feira, 19.
Para Alcolumbre, o Senado foi alvo de uma operação questionável juridicamente enquanto a Casa atuava em prol da harmonia entre os Poderes. "Eu acho que a reflexão de uma operação da Polícia Federal com essas características e, diante de tudo que o Senado tem feito, com certeza é a diminuição do Senado Federal e eu não vou deixar que isso aconteça", declarou Alcolumbre após participar de um evento realizado pelos jornais Valor Econômico e O Globo em Brasília.
"Os advogados estão avaliando qual remédio jurídico o Senado vai se utilizar para fazer a defesa da instituição Senado Federal", declarou Alcolumbre. O presidente da Casa questionou a busca e apreensão no gabinete do senador e da liderança do governo sobre fatos investigados entre 2012 e 2014, período em que Bezerra não era parlamentar.
Um dos questionamentos, declarou Alcolumbre, é a realização de busca e apreensão no gabinete da liderança do governo sendo que, na época dos fatos investigados pela PF, Bezerra não tinha esse cargo. Além disso, ele questionou o fato de uma operação ser realizada sete anos depois das ocorrências sob investigação.
Outro questionamento feito pelo presidente do Senado é que a operação foi autorizada monocraticamente pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), após um pedido da Polícia Federal, e não do Ministério Público.
Alcolumbre conversou com Bezerra e com o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, sobre a operação. Pelo que ouviu de Onyx, seu colega de partido, "não passa nem pela cabeça do governo" trocar o líder Fernando Bezerra neste momento. Ele ainda elogiou o perfil do parlamentar e sua atuação como líder do governo no Senado.
O senador Fernando Bezerra (MDB-PE) e seu filho, o deputado federal Fernando Coelho (DEM-PE), receberam ao menos R$ 5,538 milhões em propinas, segundo a Polícia Federal. O presidente do Senado disse não ter conhecimento sobre a acusação. "Eu confio em todas as pessoas até elas estarem transitado em julgado."
O questionamento do Senado ao STF, reforçou Alcolumbre, gira em torno da "relação institucional" da operação. "O Senado como instituição vai defender a integridade do Senado da República, como chefe de um Poder, a Mesa vai fazer, e estamos buscando um instrumento jurídico para fazer."
O prazo e o formato da ação no STF, pontuou o presidente do Senado, estão sendo avaliados pelos advogados da Casa.
Alcolumbre participou de evento dos jornais Valor Econômico e O Globo, em Brasília.