Ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou nesta quarta-feira que vai fazer uma reforma da Previdência logo "de cara" se chegar ao Palácio do Planalto (Adriano Machado/Reuters)
Reuters
Publicado em 4 de julho de 2018 às 11h03.
Brasília - O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou nesta quarta-feira que vai fazer uma reforma da Previdência logo "de cara" se chegar ao Palácio do Planalto, e destacou que aquele que vencer a eleição tem de usar a legitimidade das urnas para avançar na agenda de reformas nos primeiros seis meses de mandato.
"A legitimidade disso, a força do voto da democracia, é fundamental, e eu diria que os primeiros seis meses são essenciais para fazer as reformas que precisam ser feitas", disse Alckmin em evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) com pré-candidatos à Presidência.
"Pegar a reforma da Previdência, excluída aumento de alíquota, é toda PEC. Tem que fazer de cara. Então a nossa equipe está trabalhando, fomos buscar os melhores profissionais para fazer as reformas", acrescentou.
O pré-candidato do PSDB à Presidência disse que não há o "menor sentido" de haver dois regimes previdenciários. "O trabalhador da indústria, do comércio, a média de aposentadoria é 1.391 reais. E ninguém passa de 5.000 reais. O setor público federal pode escolher, 8 (mil), 17 (mil) e 27 mil reais de média", afirmou.
O tucano disse já ter feito a reforma do sistema em São Paulo. "Todo mundo que entrou depois da reforma, é previdência complementar", afirmou. "Hoje o déficit é 18,5 bilhões (de reais), pior que é crescente. A reforma é para ontem, fazê-la rapidamente, tudo no primeiro semestre do ano que vem. Quanto mais rápido fazer, recuperamos a confiança", reforçou.
O pré-candidato disse que, se eleito, vai zerar o déficit fiscal do país em 2 anos, como uma das formas de ajudar o Brasil a crescer 4 a 5 por cento ao ano. "A primeira questão que destacaria é a questão fiscal. Não tem como empurrar 6 anos de déficit fiscal. Vamos zerar o déficit em 2 anos", destacou.
Alckmin citou o exemplo de São Paulo, Estado que deixou --mesmo passando pela crise econômica-- com superávit primário em suas contas. "A crise foi igual para todo mundo. Ajusta, ajusta, ajusta, ajusta. Quem apaga a luz é quem paga a conta. O presidente da República é quem vai pagar a conta", disse, ao destacar que a "conta desequilibrada" não vai ter crescimento.
"Vamos fazer uma grande reforma fiscal, como fizemos em São Paulo", afirmou.
Alckmin também defendeu uma reforma tributária que simplifique o atual sistema, com a adoção do Imposto sobre Valor Agregado (IVA). "IPI, ICMS, ISS, duas contribuições PIS/Cofins, faz uma transição ano a ano e você simplifica o modelo tributário e tendo um modelo tributário melhor é possível reduzir a carga tributária", explicou.
"O IVA vai fazer justiça. O IVA dilui mais na cadeia e beneficia mais a indústria e elimina o acúmulo de crédito na exportação", disse. "Nós podemos dar um passo melhor, não só o ICMS, mas juntar os cinco no IVA. A ideia não é tirar de um e dar para outro. Ter ganho de eficiência na economia. Não tem a menor dúvida, imposto de consumo tem que estar na ponta e o IVA vai trazer vários benefícios. A ideia é mudar ano a ano e trazendo os benefícios. Acho até que pode, com carga tributária menor, não ter perda de arrecadação", reforçou.
O pré-candidato também afirmou que vai reduzir o imposto de renda para pessoa jurídica, recebendo as primeiras palmas da plateia. "Nós temos que estimular novos investimentos, venham para cá, estimular as empresas", disse.
Alckmin ainda defendeu a abertura comercial, estimulando a importação e exportação. "Vamos confiar, desregulamentar, simplificar fortemente a nossa economia", disse, sendo novamente aplaudido.
O tucano afirmou que é preciso ter um foco no emprego, se valendo de acordos comerciais no exterior para ajudar na geração de postos de trabalho. Ele disse que vai defender com firmeza o produto brasileiro, no momento em que há uma tendência de protecionismo no mundo.
Na parte das perguntas, o ex-governador disse que há uma tendência forte de se valorizar a educação de terceiro grau, mas defendeu um reforço na educação básica no país como forma de aumentar a produtividade. "A nossa meta é subir 50 pontos no PISA e aí teremos 1 por cento no ganho de produtividade", disse.
O pré-candidato defendeu ainda se reduzir custos para se produzir e melhorar a logística no país. "Na economia de mercado o que cabe ao governo é garantir a competitividade", afirmou. "Não tem uma medida, uma bala de prata, mas um conjunto de medidas que vai melhorar a produtividade", reforçou.
Ainda longe das primeiras colocações nas pesquisas de intenção de voto ao Palácio do Planalto, o ex-governador se disse confiante de que vencerá a corrida ao Planalto.
"O doutor Geraldo tem chance de ganhar a eleição? Mas eu quero dizer que eu vou ganhar a eleição para mudar esse país. A eleição só vai começar depois do horário do rádio e da televisão, que é 31 de agosto. A eleição vai ser curta, ótimo, não precisa de 1 ano. Aí sim o voto se define", afirmou.