Agora vai? Programa de redução de jornada já tem fonte de financiamento
Depois de diversos adiamentos, governo revela a interlocutores que programa deve finalmente ser reeditado
Carla Aranha
Publicado em 24 de março de 2021 às 11h59.
Última atualização em 24 de março de 2021 às 19h39.
Depois de algumas idas-e-vindas, a prorrogação do programa de redução de jornada e salário pode finalmente sair. Depois que o presidente Jair Bolsonaro vetou a redução do valor das parcelas do seguro-desemprego para bancar a extensão do benefício, técnicos do governo procuraram outras formas de financiar o programa, considerado crucial para as pequenas e médias empresas que vem sentindo os efeitos da crise provocada pela pandemia.
Segundo fontes próximas ao Palácio do Planalto e ao Ministério da Economia, a ideia que vem ganhando mais força é o adiamento, em alguns meses, do pagamento do abono salarial de 2021. Os trabalhadores costumam receber o abono em meados do ano - fazem jus ao benefício os brasileiros que ganham até dois salários mínimos e estão cadastrados no PIS. A expectativa é que o Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda (BEm) entre em vigor nos próximos dias, de acordo com empresários que estão em contato direto com o ministro Paulo Guedes.
Essas fontes, no entanto, também fazem questão de lembrar que o ministro chegou a prometer publicamente a reedição do BEm na primeira semana deste mês. Isso acabou não se confirmando. Desde então, o Ministério da Economia não se pronunciou mais sobre o assunto.
Sinalizações preliminares indicam que o benefício, com duração prevista de quatro meses, deverá seguir os mesmos moldes do ano passado, quando foi lançado com o intuito de proteger empregos empregos e negócios em meio à crise do coronavírus.
O programa prevê que o governo complemente parte do salário do trabalhador que tiver seu pagamento e horário de trabalho reduzido em função do acordo feito com o governo. Em contrapartida, a empresa se compromete em não demitir. A suspensão temporária do contrato de trabalho também poderá entrar novamente em cena.
Os setores da economia mais afetados pela crise relatam dificuldades em fazer frente à folha de pagamento e outros custos fixos. "Cerca de 80% dos bares e restaurantes deverão ter problemas em pagar os salários já no próximo dia 5", diz Paulo Solmucci, presidente-executivo daAssociação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel).
No varejo, o cenário também é preocupante. Durante uma reunião no início desta semana, representantes do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV) revelaram que poderia haver demissões em massa caso o governo não oferecesse uma boia de salvação aos empreeendedores.
No ano passado, o programa de redução de jornada e salário ajudou a preservar 10 milhões de empregos e socorreu 1,5 milhão de empresas, segundo o Ministério da Economia.
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