Agenda eleitoral impôs saída de Bernardo Figueiredo
Pouco mais de um ano após assumir a EPL, Figueiredo aceitou em silêncio a perda de prestígio, mas não esconde dos mais próximos o cansaç
Da Redação
Publicado em 6 de novembro de 2013 às 14h59.
Brasília - O desespero do governo para evitar que atrasos nas concessões de rodovias e ferrovias criassem más notícias às vésperas das eleições foi uma das causas do desgaste do presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Bernardo Figueiredo, que deixa o cargo no início de dezembro.
Pouco mais de um ano após assumir a estatal, Figueiredo aceitou em silêncio a perda de prestígio, mas não esconde dos mais próximos o cansaço de assistir a agenda eleitoral se sobrepor às discussões técnicas. Sua ideia era ficar até o fim de 2014. Ao longo do ano, percebeu que sairia quando suas opiniões deixaram de ser levadas em conta por Dilma Rousseff.
Os maiores embates ocorreram com a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, que tomou a frente do Programa de Investimentos em Logística (PIL), uma das bandeiras eleitorais de Dilma e Gleisi, que deve disputar o governo do Paraná.
Enquanto era escanteado das decisões mais importantes, Figueiredo dizia nos bastidores que atrasos na licitação das rodovias e ferrovias deveriam ser assumidos como parte normal do processo. Na avaliação dele, os editais só deveriam sair depois que todas as questões econômicas e de engenharia fossem discutidas com investidores e com a sociedade, incluindo governos estaduais e municipais, segundo interlocutores.
Mas, diante das cobranças de que o programa completaria um ano sem o leilão de nenhum lote, e faltando um ano para as eleições, Gleisi assumiu o controle de todo o processo. Segundo interlocutores, Figueiredo defendia maior consistência nos projetos. Apesar de várias sinalizações ruins dos investidores, principalmente a respeito do pedágio elevado, o governo licitou a BR-262 em setembro. Não houve interessados.
Só então o governo aceitou rever questões como a previsão de crescimento do PIB nos estudos dos editais. Antes fixada em 4,5% ao ano, ela foi reduzida para 3,5% e, depois, 2,5%. A projeção de crescimento do tráfego caiu de 1,2 para 1. Para Figueiredo, tudo isso poderia ter sido revisto antes, de uma só vez, e não na base da "tentativa e erro". Segundo fontes ouvidas pelo Estado, Figueiredo relatou a insatisfação em reuniões com o núcleo do Planalto.
A falta de investidores nacionais também atrapalhou. Após roadshows para convocar estrangeiros, Gleisi não quis aguardar que os investidores firmassem parcerias no País, mais uma vez para não atrasar o cronograma. Segundo auxiliares, Bernardo discordou e sugeriu aguardar a chegada desses investidores para os leilões.
Houve também conflitos com o Ministério da Fazenda, sobre o retorno dos investimentos, e com o Tribunal de Contas da União (TCU), sobre a função da Valec na compra e venda da capacidade de carga das ferrovias. Um dos episódios que marcou o enfraquecimento de Bernardo foi o Trem de Alta Velocidade (TAV).
Ele propôs que a Taxa Interna de Retorno (TIR) fosse maior que a de rodovias e ferrovias, chegando a 8%. Dias depois, a Fazenda fixou em 7%, comprovando sua perda de prestígio no governo. A EPL será tocada pelo ex-ministro dos Transportes Paulo Passos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Brasília - O desespero do governo para evitar que atrasos nas concessões de rodovias e ferrovias criassem más notícias às vésperas das eleições foi uma das causas do desgaste do presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Bernardo Figueiredo, que deixa o cargo no início de dezembro.
Pouco mais de um ano após assumir a estatal, Figueiredo aceitou em silêncio a perda de prestígio, mas não esconde dos mais próximos o cansaço de assistir a agenda eleitoral se sobrepor às discussões técnicas. Sua ideia era ficar até o fim de 2014. Ao longo do ano, percebeu que sairia quando suas opiniões deixaram de ser levadas em conta por Dilma Rousseff.
Os maiores embates ocorreram com a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, que tomou a frente do Programa de Investimentos em Logística (PIL), uma das bandeiras eleitorais de Dilma e Gleisi, que deve disputar o governo do Paraná.
Enquanto era escanteado das decisões mais importantes, Figueiredo dizia nos bastidores que atrasos na licitação das rodovias e ferrovias deveriam ser assumidos como parte normal do processo. Na avaliação dele, os editais só deveriam sair depois que todas as questões econômicas e de engenharia fossem discutidas com investidores e com a sociedade, incluindo governos estaduais e municipais, segundo interlocutores.
Mas, diante das cobranças de que o programa completaria um ano sem o leilão de nenhum lote, e faltando um ano para as eleições, Gleisi assumiu o controle de todo o processo. Segundo interlocutores, Figueiredo defendia maior consistência nos projetos. Apesar de várias sinalizações ruins dos investidores, principalmente a respeito do pedágio elevado, o governo licitou a BR-262 em setembro. Não houve interessados.
Só então o governo aceitou rever questões como a previsão de crescimento do PIB nos estudos dos editais. Antes fixada em 4,5% ao ano, ela foi reduzida para 3,5% e, depois, 2,5%. A projeção de crescimento do tráfego caiu de 1,2 para 1. Para Figueiredo, tudo isso poderia ter sido revisto antes, de uma só vez, e não na base da "tentativa e erro". Segundo fontes ouvidas pelo Estado, Figueiredo relatou a insatisfação em reuniões com o núcleo do Planalto.
A falta de investidores nacionais também atrapalhou. Após roadshows para convocar estrangeiros, Gleisi não quis aguardar que os investidores firmassem parcerias no País, mais uma vez para não atrasar o cronograma. Segundo auxiliares, Bernardo discordou e sugeriu aguardar a chegada desses investidores para os leilões.
Houve também conflitos com o Ministério da Fazenda, sobre o retorno dos investimentos, e com o Tribunal de Contas da União (TCU), sobre a função da Valec na compra e venda da capacidade de carga das ferrovias. Um dos episódios que marcou o enfraquecimento de Bernardo foi o Trem de Alta Velocidade (TAV).
Ele propôs que a Taxa Interna de Retorno (TIR) fosse maior que a de rodovias e ferrovias, chegando a 8%. Dias depois, a Fazenda fixou em 7%, comprovando sua perda de prestígio no governo. A EPL será tocada pelo ex-ministro dos Transportes Paulo Passos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.