Aécio pode voltar à presidência do PSDB, dizem tucanos
Segundo a cúpula, não há nenhum procedimento formal ou burocrático que impeça o senador mineiro de reassumir suas funções no comando do partido
Estadão Conteúdo
Publicado em 30 de junho de 2017 às 19h16.
Última atualização em 30 de junho de 2017 às 19h18.
São Paulo - A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de permitir ao senador Aécio Neves (MG) retomar as atividades parlamentares criou uma situação embaraçosa no PSDB .
O partido já discutia há algum tempo a antecipação de uma convenção nacional, com o objetivo de eleger uma nova Executiva para retirar o mineiro do posto.
Agora, dizem os tucanos, Aécio tem condições de reassumir a presidência do partido a qualquer momento.
"O afastamento do senador foi uma decisão voluntária. Ele que indicou o Tasso (Jeiressati) para o lugar dele. Portanto, se ele quiser voltar, essa é uma decisão pessoal", explicou o secretário-geral do PSDB, o deputado federal Silvio Torres (PSDB-SP).
A reportagem apurou que o presidente interino do partido, senador Tasso Jereissati (CE), aguarda uma posição de Aécio para saber o que ele vai fazer.
Isso porque, segundo a cúpula, não há nenhum procedimento formal ou burocrático que impeça o senador mineiro de reassumir, imediatamente, suas funções no comando da sigla.
A situação deve evidenciar ainda mais a disputa entre paulistas e mineiros no partido. Próximo ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), Torres afirmou que o retorno de Aécio não impede o partido de pedir a antecipação das eleições internas.
"Seja qual for a decisão do Aécio, defendo uma antecipação da convenção nacional", explicou.
A ideia do grupo de Alckmin é realizar eleições municipais, estaduais e nacionais consecutivas a partir de agosto, uma a cada mês.
Além disso, os tucanos paulistas querem alterar a atual composição da Executiva nacional para que governadores e prefeitos tucanos também tenham seus representantes na direção partidária.
A avaliação de parte dos tucanos é de que, ainda que esteja liberado para retomar suas atividades parlamentares, Aécio não tem condições de estar à frente da legenda neste momento.
Apesar disso, os mineiros já usam a decisão do Supremo como argumento para enterrar o debate sobre uma nova convenção tucana.
"Essa é decisão muito importante que, dentro do partido, acaba com essa história de falar em convenção. Ele pode até continuar como presidente licenciado porque, obviamente, deve focar na sua defesa, mas é um senador da República do qual nos orgulhamos", rebateu o deputado federal Domingos Sávio (MG).
A reportagem também apurou que Aécio recebeu a notícia da decisão do STF de um assessor, quando estava com sua família, em Brasília.
Assim que retomar suas atividades no Senado, ele pretende usar a tribuna para sair da defensiva e discursar a favor das reformas.