Aécio Neves e Eduardo Jorge após o ex-candidato declarar apoio ao tucano (Divulgação/ Igo Estrela/Coligação Muda Brasil)
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2014 às 19h00.
Rio de Janeiro - O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, afirmou que seu programa de governo é "uma obra em permanente construção", mas disse que não pode abdicar do que acredita, ao ser questionado se faria concessões em troca do apoio da terceira colocada no primeiro turno, Marina Silva (PSB).
"Todas as sugestões que puderem aprimorar o nosso programa serão muito bem-vindas. Quando se busca um apoio no segundo turno, ele não pode nos levar também a abdicar daquilo que acreditamos que seja essencial para o país", disse o tucano a jornalistas nesta quinta-feira no Rio.
Emissários de Marina vão entregar à campanha de Aécio na sexta-feira, no Rio, um documento em que a ex-candidata condiciona o seu posicionamento individual ao tucano no segundo turno a uma lista de compromissos.
A posição de Marina pode, inclusive, divergir da postura adotada pela Rede Sustentabilidade, partido que ela tentou criar no ano passado, que se posicionou de modo “absolutamente consensual” contra a presidente Dilma Rousseff (PT), que tenta a reeleição e enfrenta Aécio no segundo turno, e “a favor das mudanças que o Brasil precisa realizar”.
O tucano reiterou que vê mais semelhanças do que diferenças entre as propostas de Marina e as do PSDB.
"Há muito mais convergência entre aquilo que tenho ouvido e lido em relação a propostas não oficiais ainda da candidata Marina, de pessoas de seu círculo, muito mais afinidades do que divergências, mas não recebi ainda essas propostas", disse o tucano.
Aécio insistiu que qualquer sugestão programática deve ser no sentido de aprimorar o programa de governo dos tucanos.
"Se formos buscar reconstruir um projeto desde o início, nós não estamos fazendo uma aliança. A aliança tem que acontecer em torno do essencial, e o essencial hoje é a mudança."
PSB (legenda de Marina), PV, PSC, PPS e PSDC já anunciaram apoio formal a Aécio no segundo turno.
"Estou extremamente feliz e honrado com apoios que recebi até aqui... Eu não sou mais o candidato do PSDB ou da nossa aliança inicial, eu sou o candidato da força da mudança, da força que quer encerrar esse ciclo perverso", disse ele, referindo-se ao atual governo.
Petrobras
Aécio afirmou ainda que as denúncias de corrupção na Petrobras com desvio de dinheiro para políticos "agora chega de forma institucional" ao PT.
O ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa afirmou, em depoimento na quarta-feira à Justiça Federal, que grandes empresas fecharam contratos com a estatal por anos com sobrepreço médio de 3 por cento, e que a maior parte do dinheiro foi repassada para PT, PP e PMDB.
Por meio de nota, PT e PP negaram as acusações de Costa, enquanto o PMDB disse que não iria comentar o caso.
"Aquilo que era chamado pelo governo de mau feito, de desvio de conduta, de caráter, do que quer que fosse, agora chega de forma institucional ao partido político", disse Aécio.
"Não é a oposição que está denunciando, é um diretor indicado por este governo e um doleiro que atuava dentro deste esquema que dizem que esse esquema alimentava diretamente o partido que está no governo. Em qualquer país do mundo isso seria provavelmente o maior escândalo da história", completou o tucano.
Texto atualizado às 18h58min do mesmo dia.