Advogada diz que Fleury deveria estar no banco dos réus
Advogada dos policiais acusados de participar do massacre do Carandiru disse que a culpa deveria ser transferida para as autoridades civis
Da Redação
Publicado em 2 de agosto de 2013 às 19h53.
São Paulo - A advogada dos policiais militares acusados de participar do massacre do Carandiru , Ieda Ribeiro de Souza, disse aos jurados nesta sexta-feira, 02, que a culpa deveria ser transferida para as autoridades civis. "Quem deveria estar aqui é o dr. Fleury (Luiz Antonio Fleury Filho)", ex-governador de São Paulo em 1992, ano do massacre. Ela ainda criticou o fato de a imprensa ter noticiado que o coronel Ubiratan Guimarães (morto em 2006) era responsável por 111 mortes dentro do presídio, sendo que nove morreram por arma branca.
Ela falou aos jurados por mais de duas horas, tempo em que exibiu vídeos de testemunhas e imagens de corpos de presos mortos no dia do massacre. A advogada também mostrou um vídeo com imagens de presos mortos em outras rebeliões dentro de presídios. As cenas são de cadáveres decapitados, queimados ou asfixiados por lençóis, que deixaram a plateia com os olhos fixados no telão. A tentativa da advogada é mostrar que os corpos empilhados são comuns após tumultos dentro de unidades prisionais. "Me desculpem, mas eu tenho que mostrar aos senhores o que aqueles homens (policiais) combatem lá dentro", alertou Ieda.
Trecho do depoimento em vídeo do ex-governador em que ele assumira "a responsabilidade política" pelo massacre também foi exibido aos jurados.
A defensora dos PMs encerrou seu argumentou colocando em dúvida ainda eventuais conclusões a partir de exames de balísticas. Segundo ela, na época do massacre o Instituto de Criminalística apontou que não era possível determinar com precisão a origem dos disparos que mataram cada detento. Houve um intervalo de meia hora e por volta das 18h30 a promotoria iniciou a réplica.
Sentença
Segundo o juiz Rodrigo Tellini, os jurados terão de responder a mais de 7 mil perguntas, o que corresponde a cerca de 1.800 séries de quesitos. Cada uma destas séries é composta por quatro questões básicas: materialidade (se houve morte), autoria (quem é o responsável), absolvição (se é culpado) e qualificadores (a pena pode ser aumentada por causa do modo de execução, por exemplo).
O Conselho de Sentença deverá responder aos pontos para cada um dos 25 PMs acusados e para cada uma das 73 vítimas listadas no processo.
Na manhã desta sexta-feira o Ministério Público pediu a exclusão de 21 detentos da acusação, sob o argumento de que eles foram mortos em brigas de presos ou em locais do Carandiru onde não houve atuação da Rota.
Os 25 policiais militares acusados de matar 73 detentos no Carandiru, em outubro de 1992, poderão ter a maior pena da história da Justiça brasileira: 876 anos de reclusão cada um. Em abril, na primeira etapa do julgamento, 23 PMs foram condenados a 156 anos de prisão por 13 mortes. A pena, prevista pelo Ministério Público Estadual, é calculada com os mesmos critérios da sentença do primeiro júri. A sentença deve sair ainda nesta sexta-feira, 02, ou na madrugada do sábado, 03.
São Paulo - A advogada dos policiais militares acusados de participar do massacre do Carandiru , Ieda Ribeiro de Souza, disse aos jurados nesta sexta-feira, 02, que a culpa deveria ser transferida para as autoridades civis. "Quem deveria estar aqui é o dr. Fleury (Luiz Antonio Fleury Filho)", ex-governador de São Paulo em 1992, ano do massacre. Ela ainda criticou o fato de a imprensa ter noticiado que o coronel Ubiratan Guimarães (morto em 2006) era responsável por 111 mortes dentro do presídio, sendo que nove morreram por arma branca.
Ela falou aos jurados por mais de duas horas, tempo em que exibiu vídeos de testemunhas e imagens de corpos de presos mortos no dia do massacre. A advogada também mostrou um vídeo com imagens de presos mortos em outras rebeliões dentro de presídios. As cenas são de cadáveres decapitados, queimados ou asfixiados por lençóis, que deixaram a plateia com os olhos fixados no telão. A tentativa da advogada é mostrar que os corpos empilhados são comuns após tumultos dentro de unidades prisionais. "Me desculpem, mas eu tenho que mostrar aos senhores o que aqueles homens (policiais) combatem lá dentro", alertou Ieda.
Trecho do depoimento em vídeo do ex-governador em que ele assumira "a responsabilidade política" pelo massacre também foi exibido aos jurados.
A defensora dos PMs encerrou seu argumentou colocando em dúvida ainda eventuais conclusões a partir de exames de balísticas. Segundo ela, na época do massacre o Instituto de Criminalística apontou que não era possível determinar com precisão a origem dos disparos que mataram cada detento. Houve um intervalo de meia hora e por volta das 18h30 a promotoria iniciou a réplica.
Sentença
Segundo o juiz Rodrigo Tellini, os jurados terão de responder a mais de 7 mil perguntas, o que corresponde a cerca de 1.800 séries de quesitos. Cada uma destas séries é composta por quatro questões básicas: materialidade (se houve morte), autoria (quem é o responsável), absolvição (se é culpado) e qualificadores (a pena pode ser aumentada por causa do modo de execução, por exemplo).
O Conselho de Sentença deverá responder aos pontos para cada um dos 25 PMs acusados e para cada uma das 73 vítimas listadas no processo.
Na manhã desta sexta-feira o Ministério Público pediu a exclusão de 21 detentos da acusação, sob o argumento de que eles foram mortos em brigas de presos ou em locais do Carandiru onde não houve atuação da Rota.
Os 25 policiais militares acusados de matar 73 detentos no Carandiru, em outubro de 1992, poderão ter a maior pena da história da Justiça brasileira: 876 anos de reclusão cada um. Em abril, na primeira etapa do julgamento, 23 PMs foram condenados a 156 anos de prisão por 13 mortes. A pena, prevista pelo Ministério Público Estadual, é calculada com os mesmos critérios da sentença do primeiro júri. A sentença deve sair ainda nesta sexta-feira, 02, ou na madrugada do sábado, 03.