Acesso à coleta de esgoto cresce e chega a 69,9% dos domicílios em 2023, diz IBGE
Em 2019, 68,1% dos lares tinham alguma forma de conexão com a rede geral. Investimentos crescem no setor
Agência de notícias
Publicado em 20 de dezembro de 2024 às 10h48.
Última atualização em 20 de dezembro de 2024 às 12h15.
O acesso dos brasileiros à coleta de esgoto cresceu em 2023, ainda que as desigualdades regionais persistam, mostram dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-Contínua) sobre as condições dos domicílios brasileiros, divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE.
Ano passado, 69,9% de todos os domicílios do país tinham acesso à rede geral de esgoto ou pluvial, ou tinham fossa séptica ligada a essas redes. Em 2019, primeira vez que a Pnad Contínua investigou esse item, eram 68,1%.
O avanço na infraestrutura segue o aumento dos investimentos no setor, com destaque para os aportes feitos pelas concessionárias privadas. Nos últimos anos, o aperto nas contas dos governos e o novo marco legal do saneamento, aprovado em meados de 2020, ampliou as concessões de água e esgoto para operadores privados, como Aegea, Iguá Saneamento e Águas do Brasil.
R$ 34 bi em investimentos em 2024
Segundo o Livro Azul, estudo sobre investimentos da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), o aporte total em saneamento neste ano deverá somar R$ 34 bilhões este ano. Desse total, R$ 11 bilhões virão de operadoras privadas.
Se confirmado, o valor será 13,7% maior do que os R$ 29,9 bilhões investidos em 2023, já descontando a inflação. Ano passado, os investimentos totais contaram com R$ 7,6 bilhões em recursos privados, e já tinham saltado 29,4% sobre 2022.
Até 2019, antes da pandemia e da aprovação do novo marco legal do setor, os investimentos privados por ano nunca haviam ultrapassado a casa dos R$ 2 bilhões, segundo os dados da Abdib.
A tendência é de continuidade do aumento dos aportes nos próximos anos. As concessões licitadas neste ano preveem, somadas, R$ 92,4 bilhões em investimentos, conforme a Abcon, a associação das concessionárias — apesar das altas, a Abdib estima em R$ 52,7 bilhões por ano, ao longo de uma década, para melhorar a infraestrutura de água e esgoto do país.
Desigualdade regional persiste
A desigualdade persiste na comparação das condições de quem mora no Sudeste com a situação dos lares do Nordeste. Na região mais rica do país, 89,9% dos domicílios têm acesso à rede de esgoto ou usam fossa conectada — 94,1% em São Paulo, 89,3% no Rio.
Já no Nordeste, 50,8% dos lares têm acesso à rede de esgoto, seja diretamente, seja via fossa. O Piauí, com 14,5% dos lares conectados, é o estado brasileiro com o menor acesso a serviços de esgoto. A Região Norte foi onde houve o maior crescimento recente, de 27,3% dos domicílios, em 2019, para 32,7%, em 2023.
"Apesar do maior crescimento da Região Norte, ela continua apresentando os menores valores. Menos de um terço dos domicílios têm acesso à rede geral ou fossa séptica ligada à rede geral de esgoto. Nas demais grandes regiões, esse valor é bem superior aos 50%, com exceção do Nordeste", disse William Kratochwill, analista do IBGE.
Acesso à água encanada se mantém; coleta de lixo cresce
O acesso à água encanada, por sua vez, não teve alterações significativas nos últimos anos. Em 2023, 85,9% das moradias do país tinham água encanada via rede geral de abastecimento. Em 2016, eram 85,8%.
Já o acesso aos serviços de coleta do lixo avançou. Em 2023, 86,1% dos lares tinham o lixo coletado diretamente pelo serviço de limpeza local — o restante era coletado em caçamba do serviço de limpeza (6,5% dos domicílios), queimado na propriedade (6,6%) ou recebiam outros destinos (0,9%). Em 2016, 82,7% dos lares tinham o lixo coletado diretamente pelo serviço de limpeza.
O IBGE divulgou também dados sobre o acesso aos serviços de eletricidade. Em 2023, 99,8% dos lares brasileiros tinham energia elétrica, fosse pela rede geral ou por fontes alternativas. O acesso à luz tem se mantido nesses níveis, perto de 100%, desde 2016, segundo os dados da Pnad Contínua.