(UESLEI MARCELINo/Reuters)
Da Redação
Publicado em 28 de novembro de 2016 às 04h54.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h10.
A melhor defesa, para o acuado governo de Michel Temer, é o ataque. Pelo menos essa é a estratégia que o Planalto decidiu colocar na rua a partir de ontem. Os presidentes da República, Michel Temer; do Senado, Renan Calheiros; e da Câmara, Rodrigo Maia, afirmaram que não vão aprovar a anistia ao caixa dois, um enxerto previsto para ser incluído no pacote de Dez Medidas Contra a Corrupção, que deve ser votado na terça-feira na Câmara. Temer falou em ter ouvido a “voz das ruas”. Aliados do governo têm defendido ainda que o Planalto envie ao Congresso a reforma da Previdência até sexta-feira.
Valem as palavras, ou os atos? A anistia ao caixa dois, vale lembrar, foi acertada num almoço na casa de Maia na última semana, que reuniu líderes de quase todos os partidos (incluindo PMDB, PSDB e PT). Maia manteve a sessão na Câmara aberta na madrugada de quarta-feira, tentando aprovar a medida na calada da noite. E Renan Calheiros continua determinado a votar no Senado o projeto de abuso de autoridade, criticado como uma tentativa de barrar a Lava-Jato, no Senado no dia 6.
Com a coletiva de ontem, o governo comprou uma briga inédita – se colocou contra a pauta do Congresso, sua principal base de sustentação. Nos bastidores, deputados têm afirmado que o presidente tenta passar a imagem de “limpinho”, a combater a sujeira do legislativo. PSDB e os partidos do Centrão tentam impor seus nomes para a vaga de Geddel, e para a sucessão de Rodrigo Maia.
A primeira manifestação contra o governo está marcada para o próximo domingo. Grupos responsáveis pelos atos que culminaram no impeachment de Dilma Roussef, como o Vem pra Rua e o Movimento Brasil Livre, afirmaram que vão engrossar o coro se a anistia passar. Ontem, a Frente Povo Sem Medo reuniu milhares de manifestantes na Avenida Paulista. Motivos para o aumento da pressão não faltarão ao longo da semana.
O PSOL deve protocolar hoje um pedido de impeachment contra Michel Temer por sua participação no caso Geddel. A delação da Odebrecht deve enfim ser fechada nos próximos dias. O jornal Folha de S. Paulo divulgou hoje assessores de Temer tiveram despesas de campanha de 2014 pagas pelo PT. No processo contra a chapa que corre no Tribunal Superior Eleitoral, Temer afirmou que as contas dele e de Dilma eram independentes. Haja pauta positiva para tanto desgaste.