A incerteza cresce na economia
Não há situação ruim que não possa ser piorada. O Brasil, caminhava para terminar esta sexta-feira travado num impasse político mas com certa estabilidade econômica. Mas a semana ainda reservava duas ingratas surpresas para o governo. A pior delas: a presidente do BNDES, Maria Silvia Bastos Marques, uma das estrelas do time econômico do governo, […]
Da Redação
Publicado em 26 de maio de 2017 às 19h02.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h02.
Não há situação ruim que não possa ser piorada. O Brasil, caminhava para terminar esta sexta-feira travado num impasse político mas com certa estabilidade econômica. Mas a semana ainda reservava duas ingratas surpresas para o governo. A pior delas: a presidente do BNDES, Maria Silvia Bastos Marques, uma das estrelas do time econômico do governo, pediu demissão do cargo perto das 16h. Minutos depois, a agência de classificação de risco Moody`s revisou para baixo a nota brasileira.
Esse cenário, claro, joga ainda mais pressão sobre Michel Temer. Maria Silvia informou sobre sua saída em nota. A executiva alegou razões pessoais para deixar o banco, mas EXAME Hoje apurou que ela não resistiu às pressões de empresários, que cobravam que as torneiras do banco voltassem a jorrar crédito subsidiado. Joesley Batista, da JBS, reclamou para o presidente Temer de que o BNDES estava “travado”, conforme áudio gravado pelo empresário.
O mercado, no entanto, via com bons olhos o comportamento de Maria Silvia: blindar o BNDES das práticas anteriores, financiando grupos que agora estão na Lava-Jato, incluindo a própria JBS e a Odebrecht.
A diretoria do BNDES será mantida e, no lugar de Maria Silvia, assume o presidente do IBGE, Paulo Rabello de Castro. O presidente Michel Temer afirmou, em nota, que o trabalho de Maria Silvia “honrou o governo e moralizou um setor estratégico do país, despolitizando a relação com o setor empresaria”. Informações de bastidores citadas pela revista Época no início do mês, no entanto, davam conta de que Michel Temer pretendia trocar a presidente do banco.
A Moody’s alterou a perspectiva de rating do Brasil de estável para negativa, apesar de manter a nota em Ba2 (grau especulativo). A razão para isso, segundo a agência, “é o aumento da incerteza em relação ao momento favorável às reformas após os últimos acontecimentos políticos”. Para a Moody’s, a situação política é “ameaça crescente à recuperação econômica e à solidez da economia do Brasil no médio prazo”.
A reação do mercado mostra o tamanho da surpresa com a saída de Maria Silvia. O índice Ibovespa caiu 200 pontos e o dólar subiu 0,5% em apenas três minutos após o anúncio de sua saída.