Brasil

A greve acabou. O caos na política e na economia continua

Temer e sua equipe prometeram o impossível. Por lei, o Planalto não pode tabelar a cobrança na bomba

Greve: exército orienta caminhoneiros; paralisação jogou o Brasil numa nova leva de incertezas   (Ueslei Marcelino/Reuters)

Greve: exército orienta caminhoneiros; paralisação jogou o Brasil numa nova leva de incertezas (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 1 de junho de 2018 às 06h46.

Última atualização em 1 de junho de 2018 às 11h49.

Depois da tempestade vem a incerteza. A semana termina com o encerramento de duas greves, dos caminhoneiros e dos petroleiros, que jogaram o Brasil de volta no atoleiro do populismo e que causaram enormes danos à economia e à rotina de sua população. Os efeitos da greve dos petroleiros ficaram mais na ameaça, já que os profissionais ligados à Petrobras retomaram o trabalho antes mesmo das 72 horas de paralisação em 95% das unidades, segundo a companhia.

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Mas a greve dos caminhoneiros deve continuar impactando a economia, a política, o orçamento e até o judiciário brasileiro ao longo de 2018. A primeira dúvida é se os postos de gasolina de fato baixarão o combustível em 46 centavos, como prometeu o governo. A situação é surrealista: Temer e sua equipe prometeram o impossível. Por lei, o Planalto não pode tabelar a cobrança na bomba. Ontem, ao mesmo tempo em que o ministro Carlos Marun reiterou que não haverá tabelamento, o governo anunciou medidas multas de até 9,4 milhões de reais para postos que não cumprirem o desconto.

Outra leva de incertezas virá da ginástica orçamentária necessária para garantir os subsídios de 9,6 bilhões de reais à redução do preço do diesel. O governo reonerou a folha de pagamento, ação já votada pela Câmara, mas deixou de fora setores como o de fabricação de veículos, o que abre nova frente de discussões sobre as distribuições de agrados aleatórios. Ontem, anunciou novas medidas pra lá de contestáveis, como cortes em programas para repressão do tráfico, para concessão de bolsas de estudo e até para investimentos no sistema único de saúde.

As próximas semanas também devem ser de forte movimentação na oposição e nos órgãos de controle para analisar brechas legais nas medidas anunciadas de supetão para aplacar os grevistas. Segundo Sérgio Praça, cientista político da FGV e colunista de EXAME, a Medida Provisória 831/2018, que reserva 30% do frete contratado pela Conab para cooperativas é ilegal porque contraria a lei de licitações.

Para fechar a lista de incertezas vem a maior delas: a econômica. As calculadoras de analistas já estimam que os prejuízos diretamente relacionados à greve passarão dos 60 bilhões de reais. Mas os efeitos para o PIB de 2018 ainda são imensuráveis. O mais provável é que a economia cresça menos de 2%, o que solapa candidaturas governistas e abre espaço para discursos mais extremados no processo eleitoral. A greve terminou. Os problemas políticos e econômicos, definitivamente não.

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