Prédio da Odebrecht, em São Paulo: empresa entrou com pedido de recuperação judicial nesta segunda-feira, 17, em meio a dívidas entre 80 e 90 milhões de reais (Paulo Whitaker/Reuters)
Da Redação
Publicado em 23 de novembro de 2016 às 17h43.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h15.
O medo número 1 de políticos de todos os matizes em Brasília se materializou nesta quarta-feira. Cerca de 80 executivos da Construtora Odebrecht começaram a assinar os acordos de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República para colaborar com nas investigações da Lava-Jato. Um detalhe ainda impede a conclusão das assinaturas, e deve ser o grande tema de hoje: a Odebrecht também negocia acordos de leniência no Brasil, nos Estados Unidos e na Suíça, no valor de cerca de 6 bilhões de reais. O impasse está na divisão do valor da multa.
O acordo, esperado há semanas, era chamado de “delação do fim do mundo” por seu potencial de destruir o mundo político — e de provocar grandes feridas no governo Temer. Os próprios procuradores da força-tarefa afirmam que as delações têm o potencial de redefinir a política nacional entre a.O. e d.O (antes e depois da Odebrecht).
As costuras do acordo exigiram o trabalho de 400 advogados. Devido ao grande número de investigações, a previsão é que as investigações só comecem no ano que vem. Entre as provas estarão documentos e dados recuperados que haviam sido apagados por ordem do ex-presidente da construtora, Marcelo Odebrecht. A Odebrecht preparou um comunicado pedindo desculpa pelos crimes que vai ser distribuído assim que o processo de assinatura for concluído.
Pelo que se sabe até agora, as delações vão atingir pelo menos 130 políticos, entre deputados, senadores, ministros, ex-ministros e ex-presidentes. Além deles, 20 governadores e ex-governadores estão na lista. Parte do conteúdo já revelado inclui: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que recebeu favores como a reforma no sítio de Atibaia em troca de facilitar contratos para a empresa no Brasil e no exterior; a ex-presidente Dilma Rousseff, que teve parte das campanhas financiadas com caixa dois da empreiteira; o presidente Michel Temer, que pediu 10 milhões a Marcelo Odebrecht para o PMDB, entregue em espécie ao ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha; e o ministro das Relações Exteriores, José Serra, que recebeu 23 milhões de reais para sua campanha de 2010.