A cartada final de Dilma
Era uma decisão tão esperada que a reação já estava engatilhada. Depois de 18 horas de sessão, o Senado decidiu, por 59 votos a 21, que a presidente afastada Dilma Rousseff é ré no processo de impeachment. Enquanto seu processo avança, Dilma deve apresentar nesta quarta-feira uma carta aos senadores que está sendo chamada de “Carta […]
Da Redação
Publicado em 10 de agosto de 2016 às 06h27.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h19.
Era uma decisão tão esperada que a reação já estava engatilhada. Depois de 18 horas de sessão, o Senado decidiu, por 59 votos a 21, que a presidente afastada Dilma Rousseff é ré no processo de impeachment. Enquanto seu processo avança, Dilma deve apresentar nesta quarta-feira uma carta aos senadores que está sendo chamada de “Carta aos Brasileiros”. A presidente vai defender, no texto, a realização de um plebiscito para a convocação de novas eleições. Ontem, o ex-presidente Lula viajou a Brasília para discutir os ajustes finais da carta.
A jogada final não deve colar entre os senadores. Os próprios aliados do PT já admitem a possibilidade de a oposição a Dilma crescer no julgamento final – em maio, foram 55 votos a favor do impeachment. O placar de ontem mostra que a conta pode subir a 60.
Na Justiça, também não há apoio para a cartada do plebiscito. O ministro Gilmar Mendes, presidente do Tribunal Superior eleitoral, criticou a postura de Dilma, alegando que “não vê razão para novas eleições”. O caminho para as eleições antecipadas seria a cassação da chapa Dilma-Temer pelo TSE, que tem analisa as contas da campanha desde o ano passado. Mas Temer dificilmente seria incluído numa eventual reprovação.
A maior chance de Dilma, nesta etapa do processo, está nas acusações contra Temer. O presidente interino foi condenado por ser ficha-suja, estando inelegível, e pode ser acusado em delação costurada por executivos da empreiteira Odebrecht de receber 10 milhões de reais em doações ilegais. O povo também gosta da ideia: mais de 60% dos brasileiros são a favor de novas eleições. Dilma já sabe que não volta; mas vai brigar para que Temer caia também. Precisa, para isso, que as denúncias se comprovem, e que o relógio jogue a favor – a votação final está marcada para o dia 29.