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A caça a um indeciso particular: o órfão de Lula

Segundo dados da pesquisa Ibope, total de eleitores indecisos cresce diante a possibilidade de Lula não disputar as eleições

Marina Silva: candidata da Rede é uma das que centram esforços na região Nordeste no início de campanha (Paulo Whitaker/Reuters)
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EXAME Hoje

Publicado em 21 de agosto de 2018 às 06h21.

Última atualização em 21 de agosto de 2018 às 09h40.

Está aberta a temporada de caça aos votos de um tipo particular de eleitor indeciso nesta eleição : o indeciso que não sabe que está indeciso. As duas pesquisas divulgadas ontem, pelo Ibope e pela CNT/MDA, mostram um avanço nas intenções de voto no ex-presidente Lula (PT). Nas duas, Lula aparece com 37% das intenções de voto, ante 18% de Jair Bolsonaro (PSL), e menos de 10% dos demais concorrentes.

Segundo analistas, o dado mais importante dos levantamentos é o percentual de eleitores que não sabem em quem votar, ou que votarão nulo ou branco. A CNT/MDA mostra 23% do total. A do Ibope mostra 22% de indecisos. O problema cresce quando Lula é excluído da disputa, o que fatalmente acontecerá por cumprimento à Lei de Ficha Limpa. Neste caso, o número de indecisos do Ibope sobe para 38%; a CNT/MDA não mediu esta hipótese, mas mostra que 47% dos eleitores de Lula não têm plano B. São eles os indecisos que não sabem que estão indecisos. E são eles que podem definir as eleições.

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Nesta terça-feira, dois naturais puxadores desses votos fazem campanha no Nordeste, a região que tradicionalmente mais vota no ex-presidente, e que mais reúne indecisos de todos os tipos. Fernando Haddad, o vice da chapa de Lula, desembarca em Salvador, onde inicia um périplo de uma semana pela região. Detalhe: vai pular Pernambuco, onde o PT se envolveu numa disputa interna ao vetar a candidatura da vereadora Marília Arraes ao governo do estado para favorecer Paulo Câmara (PSB). Segundo a CNT/MDA, Haddad receberia hoje 17,3% dos votos de Lula; segundo o Ibope, 60% dos eleitores de Lula não votarão em Haddad “de jeito nenhum”. É uma resistência que o ex-prefeito de São Paulo pretende quebrar pessoalmente.

Marina Silva (Rede), por sua vez, ex-integrante do PT, receberia, segundo a CNT/MDA, 11,9% dos votos de Lula. Ela passou ontem por Fortaleza e fará campanha nesta terça-feira justamente no estado a ser pulado por Haddad: Pernambuco. Estará ao lado do candidato do partido ao governo, Júlio Lóssio, numa parceria que mostra uma de suas principais dificuldades nesta corrida: a falta de apoios estaduais fortes. Segundo pesquisa Ibope divulgada ontem, Lóssio tem 3% das intenções de voto no estado. Câmara, o aliado de Haddad, tem 27%.

Ciro Gomes (PDT), que segundo a CNT/MDA receberia 9,6% dos votos de Lula, começou a semana ontem também fazendo campanha no Nordeste, em Fortaleza. Geraldo Alckmin (PSDB), que tem a região como seu calcanhar de aquiles, se encontra hoje com o empresário Flávio Rocha, dono da rede potiguar Riachuelo. Ele receberia 3,7% dos votos de Lula. Jair Bolsonaro levaria 6,2%, segundo a CNT/MDA. Numa eleição tão disputada, é um percentual do qual ninguém vai querer abrir mão.

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