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A ativista que uniu Jair Bolsonaro e Paulo Guedes

A deputada federal eleita e ex-procuradora do Distrito Federal, Beatriz Kicis, 57 anos, costurou a união no Congresso e nas redes sociais

Beatriz: ativista é próxima de Bolsonaro desde 2014 (Edilson Rodrigues/Agência Senado)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 28 de outubro de 2018 às 17h32.

Última atualização em 28 de outubro de 2018 às 17h35.

Brasília - A aliança entre o candidato ao Palácio do Planalto pelo PSL, Jair Bolsonaro , e o seu eventual superministro da Economia, Paulo Guedes, foi costurada por uma ativista política nas redes sociais e no Congresso. A deputada federal eleita e ex-procuradora do Distrito Federal, Beatriz Kicis, 57 anos, despontou na esteira do movimento pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff em vídeos na internet. Chegou a criar o Instituto Resgata Brasil, tendo como pauta o voto impresso e a Escola sem Partido. Agora, tornou-se uma das apostas da bancada do capitão reformado para se contrapor ao PT e ao PSOL na Câmara.

Próxima de Bolsonaro desde 2014, Bia articulou com o empresário Winston Ling, do Grupo Ling, do Rio Grande do Sul, o primeiro encontro que mudaria o rumo da campanha do então pré-candidato, em novembro de 2017, no Rio de Janeiro. Bia, Ling e os filhos de Bolsonaro estiveram presentes. Quinze dias depois, em um segundo encontro, dessa vez a sós, a dupla afinou a sintonia, relata a futura deputada. De maneira franca, Bolsonaro disse a Guedes que precisava de um conselheiro na economia, mas que conhecia bem a política e as negociações no Congresso para vetar ou chancelar propostas.

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Na época, o economista deixou claro que já conversava com Luciano Huck, que tentava disputar a Presidência. O apresentador da TV Globo, no entanto, anunciou a desistência três meses depois, abrindo caminho para o "noivado" entre Bolsonaro e Guedes. O parlamentar já era fenômeno nas redes sociais, mas os seus apoiadores estavam convencidos de que ele precisava de um economista liberal para impulsionar a candidatura e ganhar o apoio do mercado financeiro.

O sentimento de urgência veio após Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central e um dos pais do Plano Real, ter integrado o time que montava o plano econômico de João Amoêdo, do Partido Novo. "O Bolsonaro precisava de um economista muito melhor", relata Bia.

Já no auge da campanha, o próprio Guedes esteve em Brasília para participar de dois eventos organizados por Bia para empresários, advogados, procuradores, juízes e servidores da cúpula do funcionalismo. Foi para Bia que o economista deu uma das mais longas entrevistas, divulgada no canal de vídeo independente da futura deputada, em que ele expõe todo o seu pensamento e diretrizes a serem dadas, caso Bolsonaro ganhe as eleições.

Uma delas chama a atenção: a necessidade de descentralização federativa e fortalecimento dos Estados e municípios. Uma política que bate de frente com a burocracia de Brasília, unidade da Federação onde o funcionalismo tem grande influência eleitoral.

Para se eleger com 86,4 mil votos, Bia contou com apoio de grupos de servidores, mas não prometeu brigar por reajustes salariais e teve votos em todas as regiões periféricas do Distrito Federal, sobretudo aquelas sem ligação com serviço público.

Sobre a agenda econômica, a nova deputada defende prioridade na questão tributária com desoneração dos impostos para as empresas para facilitar o empreendedorismo. "Quem gera emprego é o empresário", diz ela, que defende que Bolsonaro, se eleito, negocie a reforma da Previdência. "Reforma agora. Tem de ser", diz. Na entrevista a Bia, Guedes afirmou que se gasta muito no Brasil com uma máquina de Estado que precisa sofrer uma reforma. "A máquina está apontada para o lado errado, cheio de funcionários em estatais, em vez de gente dos municípios e Estados fornecendo saúde, educação e saneamento", defendeu o futuro superministro em eventual governo PSL.

'Feminina'

Numa bancada com eleitos especializados em postagens no Facebook, Bia Kicis traz para a base de Bolsonaro a retórica de procuradora do governo do Distrito Federal e a atenção ao Regimento da Casa. Cotada para integrar a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante da Câmara, a deputada eleita pretende apresentar pautas de segurança, garantias jurídicas e "direitos de família".

Há expectativa que ela protagonize momentos de embates também no plenário. Já na campanha, ela foi vista como um contraponto de Erika Kokay (PT-DF). "A TV Câmara vai bater picos de audiência", brinca Bia. Há também expectativa de seu "reencontro" com Jean Wyllys (PSOL-RJ), que chegou a tentar convocá-la para a CPI dos Crimes Cibernéticos, pelos vídeos publicados contra a ex-presidente Dilma Rousseff. Quando uma pessoa é convocada por uma CPI, corre o risco de sair presa do Congresso, já que a comissão tem poder de polícia. Com a ajuda de Bolsonaro, ela conseguiu trocar a "convocação" por um "convite". "Jean Wyllys não vai poder mais tentar me tirar do plenário", diz. "Ele nunca conseguiu."

Ao longo da campanha de Bolsonaro, marcada por críticas a declarações do candidato sobre mulheres, Bia rejeitou aparecer como o lado feminista da equipe. Ela pretende defender pautas também de mulheres, mas sem o discurso das adversárias. "Não sou feminista. Sou apenas feminina." Um dos conselheiros mais próximos do candidato do PSL, o general reformado Augusto Heleno Ribeiro avalia que a deputada será uma "mulher forte" e um "esteio" de Bolsonaro na Câmara. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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