Mamografia: o porcentual de erros em análise de problemas de saúde frequentes foram considerados altos (Joel Saget/AFP)
Estadão Conteúdo
Publicado em 22 de fevereiro de 2018 às 17h55.
Última atualização em 22 de fevereiro de 2018 às 18h01.
São Paulo - Pela primeira vez em dez anos, mais de 60% dos recém-formados em Medicina foram aprovados no exame do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp).
Segundo levantamento apresentado pelo conselho na manhã desta quinta-feira, 22, dos 2.636 egressos do curso no Estado, 1.702 acertaram mais de 60% das 120 questões do teste, o que representa a pontuação mínima a ser alcançada.
No entanto, o porcentual de erros em análise de problemas de saúde frequentes foram considerados altos pelo conselho em alguns casos.
O levantamento mostrou que 88% dos recém-formados não souberam interpretar o resultado de uma mamografia, 78% erraram o diagnóstico de diabete, 60% demonstraram pouco conhecimento sobre doenças parasitárias e 40% não souberam fazer a suspeita de um caso de apendicite aguda.
"Essa é uma prova de dificuldade média para fácil. Se o médico não sabe fazer um diagnóstico de diabete e câncer de mama, que estão na rotina, é muito complicado. Temos discutido com as escolas de Medicina, que vão receber o resultado. Um indivíduo que não sabe dessas coisas não exerce a Medicina em países como os Estados Unidos, Canadá e Portugal. Estamos propondo um curso de reciclagem do conhecimento médico para proteger a população", afirma Bráulio Luna Filho, primeiro secretário do Cremesp e coordenador do exame.
Os resultados se referem ao exame realizado no ano passado, quando 64,6% dos novos médicos passaram e 35,4% foram reprovados.
O Cremesp informou que o desempenho dos profissionais também foi melhor do que no ano de 2016, que registrou índice de aprovação de 43,6%. "Nosso objetivo é que a aprovação seja de, ao menos, 85%. Já temos boas escolas públicas que aprovam 95% dos alunos. As escolas privadas ainda têm um longo caminho."
O levantamento mostrou que, entre os egressos de cursos particulares, 56,8% foram aprovados em 2017 ante 33,7% em 2016. Nos públicos, o porcentual saltou de 62,2% em 2016 para 79,7% em 2017.
Esta é a 13ª edição do exame, que não é obrigatório, mas, desde 2015, é utilizado entre os critérios de programas de residência médica, concursos públicos e para a contratação na rede privada, como as secretarias de Saúde do Estado e do município de São Paulo e hospitais como Albert Einstein, Sírio-Libanês e Oswaldo Cruz.
O Cremesp está lançando uma campanha, por meio de uma petição online, para que o exame se torne obrigatório em todo o País. A meta é reunir 500 mil assinaturas que devem ser encaminhadas para o Congresso Nacional. Segundo o conselho, um projeto de lei com a medida está em tramitação no Senado Federal.
"Nosso objetivo é que esse exame se torne obrigatório em nível nacional. Não queremos mais falar de exame do Cremesp ou exame facultativo, mas de exame obrigatório", afirma Lavínio Nilton Camarim, presidente do Cremesp.