Coronavírus no Brasil: (Andre Coelho/Bloomberg/Getty Images)
Tamires Vitorio
Publicado em 17 de abril de 2020 às 13h46.
Última atualização em 17 de abril de 2020 às 15h56.
Uma pesquisa realizada pela Ipsos na América Latina apontou que, para 64% dos médicos brasileiros, a população não está pronta para lidar com a pandemia da covid-19.
A pesquisa, realizada em parceria com a Fine, foi feita entre os dias 31 de março e 3 de abril e ouviu 1.580 profissionais da medicina de várias especialidades em quatro países: Brasil, Argentina, Colômbia e México.
No caso do Brasil, a percepção piorou na comparação com a primeira pesquisa, realizado entre os dias 21 e 23 de março, quando 56% acreditavam que a população não estava preparada.
Na outra ponta, 63% dos médicos brasileiros acreditam que a sociedade está engajada na luta contra a pandemia, número que representa uma queda em relação a primeira pesquisa, que apontava 67%.
Em relação ao suporte dos governos, oito em cada dez (80%) entrevistados declararam receber apoio e informações governamentais, porcentagem que ficou inalterada entre os dois períodos de pesquisa.
76% dos profissionais também acreditam que a infraestrutura hospitalar do Brasil não está preparada para a pandemia, praticamente o mesmo nível da primeira pesquisa (78%).
Nesta quinta-feira (16), o governo de São Paulo divulgou uma estimativa de que as unidades de terapia intensiva (UTIs) do Estado para pacientes de covid-19 estarão lotadas até maio com o avanço da doença.
O Brasil tem 30 mil casos confirmados de coronavírus e quase 2 mil mortes até o momento. São Paulo é o estado mais afetado pela doença, com 11.568 infectados e 853 óbitos, segundo os últimos dados do Ministério da Saúde.
No México, 86% dos médicos acreditam que a população não está preparada para lidar com o surto. Na Colômbia, 89%, representando um aumento de dois pontos percentuais sobre a pesquisa realizada entre 21 e 23 de março.
A Argentina é o único país que observou melhora nesse quesito: 59% acreditam que os argentinos não estão prontos para lidar com a pandemia; em março, a porcentagem era de 73%. Desde o mês passado, o atual presidente do país, Alberto Fernández, estabeleceu medidas rígidas de isolamento social.
Os médicos mexicanos enxergam uma queda brusca nesse sentido, com apenas 35% vendo a população engajada, contra 54% em março.
Na Colômbia aconteceu o mesmo: o número foi de 64% para 50%. Enquanto isso, os argentinos seguem mais otimistas, com 85% de crença no engajamento da sociedade.
Sobre a estrutura hospitalar, 82% dos colombianos acham que os hospitais não irão suportar a pandemia; uma queda em relação aos 90% da pesquisa anterior. A Argentina se manteve estável, com 70%.
Os mexicanos estão mais pessimistas, com 88% dos entrevistados afirmando que o país não possui infraestrutura para lidar com a covid-19. O México tem 6.296 casos confirmados e 486 mortes, segundo o monitoramento em tempo real da universidade norte-americana Johns Hopkins.