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A conversa de Joesley e Temer em 5 pontos

O Supremo Tribunal Federal (STF) divulgou nesta quinta-feira (18) as gravações feitas pelo empresário Joesley Batista com o presidente Michel Temer

Michel Temer: veja os principais pontos da conversa gravada entre o presidente e o empresário Joesley Batista (Igo Estrela/Getty Images)

Michel Temer: veja os principais pontos da conversa gravada entre o presidente e o empresário Joesley Batista (Igo Estrela/Getty Images)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 19 de maio de 2017 às 06h56.

Última atualização em 19 de maio de 2017 às 08h22.

São Paulo - O Supremo Tribunal Federal (STF) divulgou nesta quinta-feira (18) as gravações feitas pelo empresário Joesley Batista, da JBS, em uma conversa com Michel Temer. O diálogo, de cerca de 30 minutos, aconteceu no último dia 7 de março, durante um encontro entre Joesley e o presidente no Palácio do Jaburu, onde Temer mora.

A conversa passou por diversos pontos que merecem atenção, além da mais conhecida menção ao ex-deputado Eduardo Cunha. Confira, a seguir, cinco pontos essenciais para entender o diálogo entre Joesley Batista e Michel Temer:

1 - Segurando as pontas com Eduardo Cunha

“O Eduardo resolveu me fustigar”, queixou-se o presidente Michel Temer ao empresário Joesley Batista na gravação.

A reclamação do presidente era dirigida ao ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ), preso desde outubro de 2016, já condenado pelo juiz Sérgio Moro a 15 anos e quatro meses de cadeia por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

Ele que puxou o assunto Eduardo Cunha, com a fala “Eu não sei como é que tá essa relação…”. Temer lembrou que a defesa do ex-deputado o arrolou como testemunha.

“O Eduardo resolveu me fustigar… O Moro indeferiu 21 perguntas dele que não tem nada a ver com a defesa dele, pra me entrutar, eu não fiz nada… Fatalidade… Ele tá aí, rapaz.”

Pouco depois, no meio da conversa gravada no Palácio do Jaburu, o presidente Michel Temer aconselhou Joesley Batista, do Grupo JBS: “Tem que manter isso, viu?”, em resposta a um relato sobre o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso desde outubro na Operação Lava Jato.

“O que mais ou menos eu dei conta de fazer até agora, tô de bem com o Eduardo. Eu tô segurando as pontas com ele”, disse Joesley.

2 - O juiz e o procurador de R$ 50 mil

Batista revelou ao presidente Michel Temer que estava “comprando” um procurador da República por R$ 50 mil mensais. Em troca, o procurador infiltrado teria passado informações sigilosas sobre investigação da qual Joesley é alvo.

O procurador da República Ângelo Goulart Villela foi preso nesta quinta-feira sob suspeita de vazar investigações para a JBS. Ele era membro da força-tarefa da Operação Greenfield, que investiga rombo bilionário nos maiores fundos de pensão do país.

Joesley começa: “Aqui eu dei conta de um lado do juiz, dá uma segurada, do outro lado do juiz substituto, que é um cara que…”

“Tá segurando os dois?”, perguntou Temer.

“Segurando os dois”, respondeu o empresário.

“Ótimo, ótimo”, respondeu o presidente.

Joesley confidencia. “Eu consegui o tal do (…) dentro da força-tarefa que tá, também tá me dando informação e eu lá que eu tô para dar conta de trocar o procurador que está atrás de mim. Se eu der conta, tem o lado bom e o lado ruim. O lado bom é que dá uma esfriada até o outro chegar e tal. O lado ruim é que se vem um cara com raiva, com não sei o que…”

3 -  Henrique Meirelles

Joesley Batista sugere que pressionou o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para conseguir cargos e mudanças em vários órgãos do governo, incluindo Receita Federal, Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e Comissão de Valores Mobiliários (CVM), e ainda criticou a atuação da presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Maria Silvia Bastos.

Batista disse que “andou falando” com Meirelles “alguns assuntos”. Ele disse que pediu a Meirelles para mudar o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid. “Põe um cara mais dinâmico.”

Segundo o áudio, Meirelles respondeu que não poderia fazer a mudança. Batista também falou que conversou com Meirelles sobre mudar o presidente do Cade, colocar alguém “ponta firme”. Temer respondeu que já foi feita a mudança.

“Agora está para trocar o presidente da CVM e é outro lugar fundamental”, disse Joesley a Temer.

Adiante, Joesley pede: “Eu queria ter alguma sintonia contigo para quando eu falar com o Meirelles, ele não falar que o presidente não deixa, não quer.”

4 - “Se não tenho apoio do Congresso, tô ferrado”

No diálogo, Temer fez uma ampla defesa dos seus dez primeiros meses de mandato, criticou a oposição e disse acreditar no sucesso com as reformas defendidas pelo governo.

Mas admitiu, no entanto, ser imprescindível o apoio do Congresso. “Se não tenho apoio do Congresso, tô ferrado”, disse Temer a Joesley Batista, sem saber que estava sendo gravado, no início do áudio.

“Primeiro que você sabe que eu tô fazendo dez meses. Parece que foi ontem, né? Parece que foi ontem e parece uma eternidade, as duas coisas. Segundo que tem uma oposição muito rasa, uma oposição horrível. No começo, eles lançaram: ‘Golpe, golpe, golpe’. Não passou. Aí ‘a economia não vai dar certo’. Começou a dar certo. Então, os caras estão num desespero. Tem que ter apoio no Congresso. Se não tenho apoio do congresso, tô ferrado.”

5 - "Tamo junto"

“Tamo junto aí, o que o sr. precisar de mim, viu, me fala”, disse Joesley Batista, do Grupo JBS, ao presidente Michel Temer, na noite de 7 de março, no Palácio do Jaburu.

Ouça o áudio na íntegra:

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