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4 mancadas de Dilma Rousseff em 2013

Todo governo tem erros e acertos. Da condução da economia à resposta aos protestos, essas foram as mancadas de Dilma Rousseff no ano


	Dilma Rousseff: a presidente apareceu mais em público este ano
 (REUTERS/Ueslei Marcelino)

Dilma Rousseff: a presidente apareceu mais em público este ano (REUTERS/Ueslei Marcelino)

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Da Redação

Publicado em 6 de janeiro de 2014 às 09h00.

São Paulo - Não dá pra dizer que 2013 termina melhor do que começou para Dilma Rousseff. A presidente ainda não recuperou a popularidade que tinha antes dos protestos de junho, e vê o Brasil ter um crescimento fraco sob mais um ano de seu mandato em que falhou para conquistar a confiança do setor privado.

Veja abaixo 4 pisadas na bola da mandatária do país em 2013.

1 Tropeços na economia

Em setembro, a presidente Dilma Rousseff se reuniu com investidores internacionais em Nova York para tentar atrair investimentos para a área de infraestrutura.

Em seu discurso, a presidente fez questão de afirmar que não há risco jurídico no Brasil. "Se existe um país no mundo que respeita contratos, esse país é o Brasil”, disse.

Como bem atestou a oposição na época, só o fato dela ter de vir a público dizer isso não é bom sinal. O fato é que o setor privado está com um pé atrás em relação ao governo. 

"Apesar de o governo entrar de cabeça nesse processo de parceria com capital privado, o fato é que há uma quebra de confiança. Os empresários só ficarão do lado da Dilma se, no ano que vem, a oposição não conseguir se consolidar", afirma o cientista político Leonardo Barreto.

A atuação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, também não tem ajudado no restabelecimento dessa ligação. 

"Mantega não tem primado pela confiabliadade, a maquiagem nos gastos (a chamada “contabilidade criativa” para alcançar o suoerávit primário) é um exemplo. Se você fosse um investidor pensaria duas vezes antes de investir no país", diz Roberto Romano, professor de filosofia da Unicamp.

O baixo crescimento do PIB e a deterioração das contas públicas, particularmente da dívida pública bruta, também pressionam o governo Dilma. Em junho, a agência S&P revisou a perspectiva do Brasil de estável para negativa, destacando o fraco crescimento econômico e a política fiscal expansionista.

E a cada dia que passa, aumenta a expectativa do mercado de que 2014 seja um ano muito parecido com 2013. 

2 Reação aos protestos

Os protestos que tomaram as ruas das principais cidades brasileiras em junho foram uma das maiores provas enfrentadas por Dilma desde que assumiu o mandato. Milhões de pessoas foram às ruas por melhores serviços públicos e pelo fim da corrupção na política.

E o que se viu foi um governo perdido, que demorou para se manifestar, e quando o fez, foi mais para confundir.

Entre as propostas apresentadas por Dilma Rousseff nos hoje já famosos cinco pactos, estava a de um plebiscito para convocar uma Constituinte exclusiva para reforma política.

A sugestão da mandatária não durou 24 horas e foi torpedeada por ministros do STF, juristas, OAB e parlamentares. Em seguida, o governo insistiu em um plebiscito para a reforma política, em que os brasileiros iriam às urnas para decidir sobre os complexos temas eleitorais.

A tentativa de fazer a consulta popular se tornar realidade tinha desde o início pouquíssimas chances de prosperar no Congresso, mas Dilma a manteve como uma questão de honra para recuperar a popularidade, que caiu de 57% para 30% logo após as manifestações.

O parlamentares foram deixando o tema de lado e 2013 acaba, como muitos anteriores, sem a desejada reforma.

Na opinião de Roberto Romano, Dilma errou ao tentar se aproveitar das manifestações. "Ela foi muito apressada no sentido de estabelecer esse diálogo. Errou completamente quando tentou tomar uma carona nos protestos com propostas absolutamentes intempestivas e inconstitucionais", afirma. 


Já para Leonardo Barreto, os protestos serviram para Dilma entender que não é possível governar sem construir bases de sustentação para seu governo, tanto no Congresso quanto da sociedade civil. "Surgiu muita gente que estava fora do radar do governo e que mostrou um poder de mobilização imenso", diz. 

3 Dilma candidata

Apesar de ter afirmado em entrevista no Programa do Ratinho que, antes de ser candidata, ela era presidente da República, o ano de 2013 ficou marcado para muitos analistas como aquele em que a "Dilma candidata" surgiu de verdade.  

A presidente, que nos dois anos anteriores era mais conhecida por ser menos afeita à politicagem que o antecessor - o que chegou a ser benéfico para sua imagem -, neste ano passou a se aproximar novamente das centrais sindicais e a se estranhar com Fernando Henrique Cardoso, com quem antes mantinha relacionamento estritamente cordial.

Dilma também apareceu mais, dando especial atenção a inauguração de obras.

Segundo um levantamento feito pelo R7, entre agosto e outubro, a presidente fez 23 viagens pelo Brasil - quase três vezes mais que no mesmo período do ano passado.

Dilma focou principalmente nos três estados onde os prováveis adversários têm mais força eleitoral: São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. 

Discursos em rede nacional de rádio e televisão, como o usado para enaltecer a aprovação da PEC das Domésticas, também serviram de palanque.

Segundo o cientista político e professor do Insper Humberto Dantas, nunca se usou tanto os pronunciamentos em rede nacional com o que ele considera um tom de propaganda muito claro. 

"A máquina de um governo pesa muito na mão de quem a detém. A máquina pesa favoravelmente num discurso unilateral. O pronunciamento oficial, em rede nacional, de um presidente jamais poderia carregar pessoalidade", critica Dantas.

Com foco em 2014, Dilma também retornou às redes sociais, em particular ao Twitter, com uma bem sucedida ação coordenada com a personagem de humor Dilma Bolada. 

4 Leilão do pré-sal

O leilão do Campo de Libra, maior reserva de pré-sal do país, teve resultados longe dos alardeados pelo governo, que chegou a falar na participação de mais de 40 empresas.

O tão esperado leilão teve apenas um consórcio participante, que ofereceu o mínimo possível de 41,65% em óleo excedente para a União e confirmou os temores de que o modelo de partilha desenhado pelo governo não seria atraente para as gigantes do petróleo.

Dias antes, BP, Exxon Mobil e outras grande do setor já haviam anunciado que não participariam.

O temor de que só empresas chinesas se interessassem, é verdade, não se concretizou, e a presença da Shell, entre as 5 maiores petrolíferas do mundo, injetou confiança no grupo que irá explorar o filé mingon do pré-sal brasileiro.

Matéria atualizada às 9h do dia 6 de janeiro.

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