São Paulo - Os últimos 33 anos da hoje senadora
Marta Suplicy foram ao lado do Partido dos Trabalhadores (
PT). Na sigla, ela se elegeu deputada federal, prefeita de São Paulo e senadora, além de empossada ministra do Turismo e da Cultura nos governos Lula e Dilma, respectivamente. Mas, na manhã desta terça-feira, ela deu adeus ao partido que ajudou a fundar e levar ao poder. As justificativas para a decisão ocuparam quatro páginas de um documento que foi entregue aos diretórios municipal, estadual e nacional do PT. A saída foi ruidosa. Nos últimos cinco meses, a senadora fez questão de mostrar em público que não estava contente com a posição que ganhou (ou perdeu) no partido. Desde 2004, quando não conseguiu se reeleger para a prefeitura de São Paulo, Marta foi sistematicamente preterida pelo PT para outros cargos no Executivo. A exceção foi em 2008, quando ela perdeu a disputa pela prefeitura paulistana para Gilberto Kassab, então do PSD. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo publicada em janeiro, Marta admitiu que a presidência da República era um de seus objetivos e que quando Lula expôs que uma mulher iria sucedê-lo no cargo, ela imaginou que estaria entre as cotadas.
Dois anos depois da eleição que levou Dilma ao Planalto, a já senadora tentou disputar a prefeitura de São Paulo. O partido, no entanto, preferiu Haddad.
A posse no Ministério da Cultura no mesmo ano veio com uma espécie de prêmio de consolação – no entanto, a vitória de Haddad nas urnas paulistanas enterrou as chances de Marta tentar voltar à prefeitura de São Paulo em 2016 como candidata do PT.
No ano passado, veio a gota d´água. Marta se empenhou na campanha para a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para as eleições presidenciais. Na prática, ela não foi a única dentro da sigla a endossar a ideia. O problema é que, naquele momento, ela fazia parte da equipe ministerial de Dilma e o apoio ao “Volta, Lula” não caiu bem.
O movimento encabeçado pela senadora acabou não surtindo efeito e Dilma entrou na disputa pela reeleição. Marta, por sua vez, não se empenhou pela vitória da presidente – ao contrário da maior parte dos ministros. Com a apertada vitória de Dilma nas urnas, sua presença no governo se tornou insustentável. Cortejada por diversas siglas desde que começou a sinalizar uma insatisfação com o PT, Marta deve migrar para o PSB. A expectativa é que ela seja candidata à prefeitura de São Paulo em 2016 – quando Fernando Haddad, seu agora antigo colega de partido, deve tentar a reeleição. Em nota, o presidente do PT, Rui Falcão, afirmou que a atitude de Marta é motivada por ambição política e que a senadora estaria reagindo com falta de ética, de maneira oportunista, ao fato de "não ter sido indicada candidata à Prefeitura de São Paulo em 2012".