EXAME Solutions
Publicado em 5 de fevereiro de 2024 às 12h00.
Última atualização em 5 de fevereiro de 2024 às 12h26.
APRESENTADO POR OFICINA RESERVA
Estabelecer R$ 3 bilhões como meta de faturamento não é para qualquer um. Pois foi o objetivo traçado para 2023 por João Adibe Marques para a empresa da qual é CEO, a Cimed. No meio do ano, quando já se sabia que a companhia chegaria à meta anterior, de R$ 2,8 bilhões, o empresário decidiu subir o sarrafo. “E daí fizemos uma campanha interna para incentivar a conquista do terceiro bilhão”, contou ao programa Limonada. “Quando você alinha o propósito com todo mundo, é muito mais fácil. Todo mundo topou e se mobilizou para fazer acontecer.”
Limonada é um programa de entrevistas em vídeo da Oficina Reserva. Surgiu depois que a loja da marca nos Jardins, em São Paulo, foi assaltada poucas semanas antes do Natal de 2013. Os meliantes fizeram a limpa de madrugada depois de espatifar a vidraça — tudo foi filmado pelas câmeras de segurança. No dia seguinte, a equipe da loja não só limpou e reorganizou tudo como bateu a meta do dia às 16h — e sem vidro na vitrine.
Do limão à limonada, atitude que a alta cúpula da Oficina resolveu replicar semanas depois, ao anunciar uma liquidação. Esta foi divulgada com um vídeo que faz uso das imagens dos bandidos fazendo a limpa na loja dos Jardins. “Melhor do que chupar o limão é fazer uma limonada com ele", escreveu Rony Meisler, CEO e fundador da Oficina Reserva, no post que anunciou a liquidação.
O assalto e a volta por cima serviram de inspiração para o programa Limonada, cuja razão de ser é exaltar empreendedores que, em vez de reclamar, preferem arregaçar as mangas. Personalidades como Luciano Huck e Gustavo Caetano, fundador da Sambatech, já participaram das entrevistas, também disponibilizadas no Spotify.
O programa foi utilizado no lançamento da marca que o grupo criou em 2018, a Oficina Reserva, que homenageia os empreendedores brasileiros. É “para aqueles que enxergam oportunidades onde muitos só veem problemas”, diz o manifesto dela. É composta por produtos com design minimalista, sem estampas e sem símbolos de marca.
O CEO da Cimed é um dos dez entrevistados na nova temporada do Limonada, produzida em parceria com a EXAME. Apresentador da nova leva de episódios, o editor Ivan Padilla conversou com Adibe e com Alex Atala, Luiza Helena Trajano, Edu Lyra, Camila Farani, Dilma Campos, Fernanda Ribeiro, Diogo Roberte, Gustavo Cerbasi e Facundo Guerra. Todas as entrevistas podem ser assistidas, na íntegra, livremente.
Adibe debutou na Cimed, de sua família, na área de expedição, “separando pedidos”. “Comecei 'no chão’”, recordou. “A empresa, na época, ainda era bem pequena — tinha cerca de 15 funcionários. Todo mundo fazia de tudo. É um modelo bem comum no Brasil. O país é formado por milhares e milhares de pequenas empresas familiares”.
Ele não cursou faculdade e conseguiu a proeza de ser reprovado em todas as séries até a oitava — fez todas elas duas vezes. Decidido a trabalhar na empresa familiar, ouviu do pai o seguinte: “você quer trabalhar ou estudar?”. O filho respondeu que queria trabalhar e o pai concordou. “Mas ele disse o seguinte: ‘então você vai fazer curso técnico, de contabilidade’”, lembrou Adibe. “Isso me ajudou a amadurecer, porque eu vi que quem fazia curso técnico precisava dele para empreender ou para se manter. Daí vi a necessidade do estudo”.
Instado a apontar seus maiores erros e acertos como empreendedor, o CEO da Cimed disse o seguinte: “Os times que ganham muito comemoram muito pouco e dão muita atenção para as derrotas. Cometia esse erro. Mas aprendi que devemos celebrar mais as nossas conquistas, seja profissionalmente, seja pessoalmente — eis um acerto”.
Ele contou que costuma dividir todas as vitórias profissionais com a família. “Muitos empresários não querem misturar trabalho com família”, observou. “Mas as conquistas profissionais só são possíveis se houver apoio familiar. Eu tento envolver todos os meus filhos, toda a minha família, em cada marco da empresa. Tenho cinco filhos e os três primeiros estão no negócio. Um deles, por sinal, aos 25 anos, é responsável por mais de 1,5 mil vendedores. Quero dar a eles a mesma oportunidade que tive de empreender na companhia.”
Adibe se define como alguém que tenta transformar as pessoas que estão ao seu redor. “Gosto de dar oportunidade para elas e mostrar o caminho a ser seguido”, revelou. “E adoro dividir conquistas, principalmente as financeiras. Não admito que a empresa não pague bônus. No meu caso, um bônus não muda a minha vida. Mas para meus funcionários, sim. Trabalho até o último dia do ano porque eu quero pagar bônus para todos. Líder é quem inspira, quem motiva e quem cobra na hora certa”.