Você tem dado redondo?
Informação é assunto sério na Petrobras
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 12h25.
Foi com uma pergunta curiosa -- ou será capciosa? -- como essa que os funcionários da área de abastecimento da Petrobras foram chamados a prestar atenção na exatidão das informações que são colocadas nos sistemas da empresa. Ciente da curiosidade que a pergunta causaria, o analista Fernando Braga, de 43 anos, pediu a um primo que lhe enviasse da Suíça um carregamento com 70 dadinhos redondos (detalhe: eles funcionam normalmente, graças a um pequeno peso interno).
Braga -- que desistiu do curso de engenharia mecânica no 2o ano para se formar em psicologia -- começou então a perguntar aos colegas do departamento se eles tinham dado redondo -- assim mesmo, com duplo sentido. A idéia era demonstrar que o sistema de análise de dados em implantação na área de abastecimento só funcionaria adequadamente se todas as informações inseridas nos demais sistemas da área fossem exatas. Afinal, de nada adianta a tecnologia conduzir uma informação até a sala da diretoria se ela estiver incorreta.
"Um zero a mais numa nota fiscal pode fazer ruir toda a estrutura", diz Braga. Pode parecer exagero, mas, se a nota fiscal da compra de um lote de catalisadores -- um dos principais materiais utilizados no refino de petróleo -- entrar no sistema com dois zeros a mais, jogará para cima o custo de refino, um dos indicadores de desempenho mais importantes de uma refinaria. A intenção de Braga era alertar seus colegas para serem mais críticos na análise das informações. E mais: que fossem à origem dos possíveis problemas.
Foi uma sacada brilhante. O que começou como brincadeira desencadeou uma campanha de conscientização da importância da qualidade de cada dígito colocado nos sistemas da companhia. Passadas as piadas, todos no departamento respondem prontamente que sim, têm dado redondo -- mostram o dadinho suíço.