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Visão de longo prazo e qualidade vencerão Uber, diz CEO da Cabify

Em entrevista a EXAME.com, Juan de Antonio conta que já venceu a Uber em países em que rival era líder e compara sua empresa ao Facebook

JUAN DE ANTONIO: presidente da Cabify vai comandar a operação conjunta com a Easy (Cabify/Divulgação)

JUAN DE ANTONIO: presidente da Cabify vai comandar a operação conjunta com a Easy (Cabify/Divulgação)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 12 de março de 2017 às 16h07.

Última atualização em 12 de março de 2017 às 16h09.

São Paulo – A Cabify entrou no mercado brasileiro em meados do ano passado e já está presente em diversas cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Recentemente, o aplicativo de transporte individual de passageiros chegou a Curitiba (PR) e Santos (SP).

Em uma disputa para desbancar a Uber, Juan de Antonio, cofundador e CEO da Cabify, conta que tem planos de ultrapassar a rival apostando na qualidade do serviço prestado por seus motoristas e na visão de longo prazo da companhia.

Segundo motoristas consultados por EXAME.com que trabalham com os dois aplicativos, a Cabify remunera melhor e também dá mais atenção aos profissionais parceiros. Há, por exemplo, reuniões mensais na sede da empresa, em São Paulo, que fica na zona oeste da cidade.

Antonio compara sua empresa ao Facebook, que apareceu tempos depois do sucesso de redes sociais como o Frindster – no caso, comparada com a Uber.

Confira os melhores trechos da entrevista a seguir.

EXAME.com: Antes de fundar a Cabify, como você percebeu que apps de transporte individual poderiam mudar o mundo?

Juan de Antonio: Tivemos uma visão de que haveria uma mudança no espaço da mobilidade. Muitas coisas começaram a aparecer, projetos de veículos sem motoristas, carros diferentes com motoristas, e pareceu claro para nós que haveria uma conversão de tudo isso em pouco tempo.

Consideramos diferentes opções e estudamos como criar um produto que fosse um substituto para a propriedade de um veículo. O resultado foi a Cabify.

Qual você acredita que seja o maior benefício de usar a Cabify atualmente?

A maior vantagem do app é ele te levar de um ponto a outro com um veículo de alta qualidade e um motorista particular. Ao usar o aplicativo, você estimula a comunidade de condutores da Cabify, que tem a ambição de tornar as cidades melhores.

O que você pensa sobre o compartilhamento de corridas com outros usuários?

É algo que ainda não trouxemos para o mercado. Mantemos nosso foco e direção na qualidade do serviço. Mas esse tipo de viagem tem problemas de segurança para passageiros e motoristas.

Como a Cabify mantém os motoristas felizes e engajados com o app em diversas cidades do mundo, ao mesmo tempo que adota uma política de preços agressiva?

É um equilíbrio difícil de se obter. Pensamos no longo prazo para que o motorista continue feliz e mantenha seu carro em boas condições, o que é algo básico para os nossos clientes.

Não trazemos centenas de motoristas de uma vez para a plataforma, tentamos chegar a um equilíbrio de entre oferta e demanda e também analisar as horas trabalhadas pelos motoristas.

É assim que competimos com empresas que não pensam no longo prazo e buscam resultados em um curto período de tempo.

Os usuários da Uber dizem que houve queda de qualidade no serviço, por conta do comportamento dos motoristas. Como a Cabify pretende manter a qualidade do seu serviço para os usuários?

Tentamos crescer o máximo possível enquanto mantemos a qualidade do serviço. Não sacrificamos a qualidade pelo crescimento. É a nossa cultura.

Estamos dando um tiro no pé, em certo sentido, mas isso se transforma em satisfação dos motoristas. Não temos tantos condutores quanto alguns concorrentes, mas essa estratégia faz parte da nossa visão de longo prazo.

Aqui no Brasil, a Justiça considerou que existe vínculo empregatício entre um motorista e a Uber. Como você vê a relação de trabalho entre motoristas e a Cabify?

Não sou especialista em legislação brasileira, estamos em 30 países no momento. Tentamos oferecer as melhores condições para os nossos motoristas.

Oferecemos uma guia de boas práticas para os nossos parceiros, mas eu não posso comentar especificamente sobre esse caso. Não tivemos nenhum caso parecido.

A Cabify recebeu um grande investimento de 120 milhões de dólares, liderado pelo Rakuten, para a expansão na América Latina. Como o dinheiro foi usado?

Estávamos em sete cidades no mundo, agora estamos em 36 cidades. Isso aconteceu em pouco menos de um ano. A maioria da nossa equipe, 80%, está na América Latina. Queremos investir mais no Brasil em 2017.

Começamos em Santos e Curitiba recentemente. O Brasil se mostrou uma boa surpresa para nós.

O objetivo final da Uber é oferecer às pessoas um serviço de transporte com carros autônomos. A Cabify vê algo semelhante em seu futuro?

Não somos uma empresa que quer se verticalizar como eles. Eles querem fazer tudo sozinhos.

Não sei o que vai acontecer nos próximos 5 ou dez anos, carros autônomos ou voadores são coisas que vemos nos filmes há anos. Eles devem chegar ao mercado na próxima década. Nossa missão é oferecer um bom serviço de transporte para os nossos passageiros como alternativa ao carro próprio.

A transição que os carros autônomos provocarão irá impactar cidades, governos e a tecnologia. Não temos um plano claro, não sabemos se faremos uma parceria com alguma montadora ou algo do tipo. Vamos considerar o que for melhor para a nossa comunidade.

Você acredita que a Cabify vai ultrapassar a Uber em número de usuários?

Com certeza. Estamos nesse processo em muitos locais. Já ultrapassamos eles em outros países em que eram maiores do que nós. Estamos confiantes de que os consumidores e motoristas no Brasil vão notar as diferenças da nossa empresa em relação às outras.

Temos pensamento de longo prazo, pagamos impostos e oferecemos tratamento justo para as pessoas. Ao fim, as pessoas vão notar que nosso serviço é melhor. Leva algum tempo.

Vale lembrar que quando o Friendster ficou famoso o Facebook ainda nem existia.

Há algo que você vê nos motoristas brasileiros que seja único nos países em que a Cabify opera?

Eles são muito focados e orgulhosos de seus trabalhos. Além disso, são animados, mesmo com todo o trânsito que enfrentam. O trânsito em Lima, por exemplo, é bem mais calmo do que o do Brasil e eles são muito mais estressados.

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