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USP comprova que vírus zika causa má formação em fetos

O trabalho, publicado hoje (11) na revista Nature, também mostrou como a infecção afeta a formação do sistema nervoso central dos embriões

Zika: “Esse é o primeiro modelo experimental comprovado que mostra que o vírus é capaz de passar a barreira placentária" (REUTERS / Ueslei Marcelino)
DR

Da Redação

Publicado em 11 de maio de 2016 às 17h45.

Um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo ( USP ) comprovou, experimentalmente, a capacidade do vírus zika de atravessar a placenta e infectar bebês no útero da mãe.

O trabalho, publicado hoje (11) na revista Nature, também mostrou como a infecção afeta a formação do sistema nervoso central dos embriões.

“Esse é o primeiro modelo experimental comprovado que mostra que o vírus é capaz de passar a barreira placentária, atingir o feto, ser albergado no sistema nervoso e, a partir de então, todas as outras repercussões foram observadas”, enfatizou o professor do Departamento de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, Jean Pierre Schatzmann Peron.

Para os experimentos foram usados camundongos e os chamados minicérebros, modelos do órgão humano elaborados a partir de culturas de células-tronco.

Com os animais foi possível observar o comportamento do zika em relação à, gestante e o filho. A partir dos minicérebros, a ação sobre as células que vão formar o sistema nervoso e até contra neurônios maduros.

Entre as conclusões, foi identificado que, ao infectar o embrião, o vírus zika tem preferência por atacar as células que formam o cérebro e o sistema nervoso.

Essa ação, que mata as células antes que os tecidos se desenvolvam, causa más formações nesses órgãos, como a microcefalia.

A variedade que circula no Brasil causou muito mais danos do que o tipo africano, que havia sido estudado anteriormente.

“Nós observamos que o vírus que está circulando aqui é muito mais agressivo do que a cepa isolada em 1947 na África”, enfatizou a professora doutora da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP Patricia Cristina Baleeiro Beltrão Braga sobre os efeitos nos fetos ainda no útero.

Apesar de a microcefalia ser o efeito mais difundido da infecção em bebês ainda não nascidos, Patrícia destaca que o vírus também ataca outros órgãos, afetando o desenvolvimento de diversas partes do corpo: “O que nós temos visto é que existe uma síndrome congênita da infecção pelo zika vírus”.

O coordenador da Rede Zika Vírus e professor do Departamento de Microbiologia da USP, Paolo Zanotto, exemplifica: “Tem crianças crescem com má formação de membros, tem sobreposição de dedos no pé e nas mãos”.

Segundo Zanotto, estão sendo acompanhados diversos casos de crianças que tiveram alterações no desenvolvimento devido ao zika, inclusive, problemas de má formação no cérebro mais discretos do que a microcefalia, que pode ser observada pelo tamanho do crânio.

A extensão dos danos aos embriões está ligada, de acordo com os pesquisadores, ao estágio da gestação em que houve a infecção. Quanto mais cedo houver o ataque pelo vírus, mais drásticos são os efeitos sobre a criança.

Vacina

Os resultados dos experimentos com camundongos mostraram, entretanto, que uma linhagem de animais tem resistência aos efeitos do vírus sobre os fetos.

“O que a gente especula é que a resposta imune que ele tem seja suficiente para conter o vírus e, pelo menos, impedir que a replicação viral aconteça em níveis muito elevados, e impedir que ele passe a placenta”, explica Peron.

Essa descoberta abre espaço, segundo o cientista, para pesquisas que permitam a elaboração de uma vacina contra o vírus.

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Um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo ( USP ) comprovou, experimentalmente, a capacidade do vírus zika de atravessar a placenta e infectar bebês no útero da mãe.

O trabalho, publicado hoje (11) na revista Nature, também mostrou como a infecção afeta a formação do sistema nervoso central dos embriões.

“Esse é o primeiro modelo experimental comprovado que mostra que o vírus é capaz de passar a barreira placentária, atingir o feto, ser albergado no sistema nervoso e, a partir de então, todas as outras repercussões foram observadas”, enfatizou o professor do Departamento de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, Jean Pierre Schatzmann Peron.

Para os experimentos foram usados camundongos e os chamados minicérebros, modelos do órgão humano elaborados a partir de culturas de células-tronco.

Com os animais foi possível observar o comportamento do zika em relação à, gestante e o filho. A partir dos minicérebros, a ação sobre as células que vão formar o sistema nervoso e até contra neurônios maduros.

Entre as conclusões, foi identificado que, ao infectar o embrião, o vírus zika tem preferência por atacar as células que formam o cérebro e o sistema nervoso.

Essa ação, que mata as células antes que os tecidos se desenvolvam, causa más formações nesses órgãos, como a microcefalia.

A variedade que circula no Brasil causou muito mais danos do que o tipo africano, que havia sido estudado anteriormente.

“Nós observamos que o vírus que está circulando aqui é muito mais agressivo do que a cepa isolada em 1947 na África”, enfatizou a professora doutora da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP Patricia Cristina Baleeiro Beltrão Braga sobre os efeitos nos fetos ainda no útero.

Apesar de a microcefalia ser o efeito mais difundido da infecção em bebês ainda não nascidos, Patrícia destaca que o vírus também ataca outros órgãos, afetando o desenvolvimento de diversas partes do corpo: “O que nós temos visto é que existe uma síndrome congênita da infecção pelo zika vírus”.

O coordenador da Rede Zika Vírus e professor do Departamento de Microbiologia da USP, Paolo Zanotto, exemplifica: “Tem crianças crescem com má formação de membros, tem sobreposição de dedos no pé e nas mãos”.

Segundo Zanotto, estão sendo acompanhados diversos casos de crianças que tiveram alterações no desenvolvimento devido ao zika, inclusive, problemas de má formação no cérebro mais discretos do que a microcefalia, que pode ser observada pelo tamanho do crânio.

A extensão dos danos aos embriões está ligada, de acordo com os pesquisadores, ao estágio da gestação em que houve a infecção. Quanto mais cedo houver o ataque pelo vírus, mais drásticos são os efeitos sobre a criança.

Vacina

Os resultados dos experimentos com camundongos mostraram, entretanto, que uma linhagem de animais tem resistência aos efeitos do vírus sobre os fetos.

“O que a gente especula é que a resposta imune que ele tem seja suficiente para conter o vírus e, pelo menos, impedir que a replicação viral aconteça em níveis muito elevados, e impedir que ele passe a placenta”, explica Peron.

Essa descoberta abre espaço, segundo o cientista, para pesquisas que permitam a elaboração de uma vacina contra o vírus.

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