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Um terço dos domicílios no Brasil não têm acesso à internet

O gerente do NICbr, Alexandre Barbosa, afirma que há um "papel fundamental" dos provedores regionais no crescimento do acesso fixo

 (Thinkstock/Thinkstock)

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Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 26 de julho de 2018 às 11h18.

Última atualização em 26 de julho de 2018 às 11h19.

Houve aumento na quantidade de acessos fixos à internet no Brasil em 2017, que estão com maiores velocidades graças ao avanço do cabo e da fibra, por sua vez trazidas pelos pequenos provedores, segundo a pesquisa TIC Domicílios divulgada nesta terça-feira, 24. No ano passado, o País chegou a um total de 42,1 milhões de residências conectadas, ou 61% do total. O que significa que quase um terço (29%) ainda não têm qualquer tipo de acesso à internet.

Desses domicílios conectados, 64% contavam com banda larga fixa, ou 26,7 milhões de residências. O percentual é o mesmo do ano anterior, mas abaixo do registrado em 2015, quando era 68%, mas em números absolutos é maior do que em 2016 (quando eram 23,4 milhões de residências). Na divisão por tecnologia no acesso fixo, 33% eram por "cabo de TV" (coaxial) ou fibra ótica, 15% por xDSL, 8% por rádio e 7% por satélite. Outros 25% possuíam acesso por meio de redes móveis (3G ou 4G), o que equivale a 10,5 milhões de domicílios – no ano anterior, apesar do mesmo percentual, havia um total de 9,3 milhões de residências.

O gerente do NICbr, Alexandre Barbosa, afirma que há um "papel fundamental" dos provedores regionais no crescimento do acesso fixo. Segundo ele, há um "esforço na modernização da rede", uma vez que eles "só crescem com fibra, provendo acesso de excelente qualidade e provendo acesso em localidades que os grandes não têm interesse". Ele diz ter havido aumento "substancial" no número de ISPs, sobretudo os pequenos, mas indica que também houve avanço nas conexões de banda larga fixa nas zonas rurais por conta de políticas públicas do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações e de ações da Anatel. "É um mix dessas duas coisas. Nos últimos anos, vimos decréscimo do preço no mercado – esse mix tem sido o principal fator", declara.

Barbosa indica ainda que também aumentou a velocidade declarada do acesso, com "migração muito clara de velocidades mais baixas para as mais altas, sobretudo em ambientes urbanos". Segundo o levantamento, dos domicílios com acesso, 3% tinham conexões abaixo de 1 Mbps; 22% contavam com velocidades de 1 Mbps a 4 Mbps; 17% tinham de 5 Mbps a 10 Mbps; 8% de 11 Mbps a 20 Mbps; 5% de 21 Mbps a 50 Mbps; 2% de 51 Mbps ou mais. Pelo menos 8% não sabiam responder. A conclusão dos pesquisadores é que a causa do avanço na velocidade é justamente a demanda por mais dados por conta de aplicações de streaming, categorias de conteúdo que mostraram aumento na pesquisa também: o consumo de vídeo passou de 68% para 71%, e de música de 63% para 71%.

Mais gargalos

Porém, continuam as diferenças considerando a localização. Pouco mais de um terço dos domicílios na área rural têm acesso móvel, enquanto metade contam com conexão fixa. Em linha com as edições anteriores, a penetração na área urbana é maior (65%, ou 38,8 milhões de domicílios) do que na zona rural (34%). Gargalo semelhante é apresentado entre as classes A e B (99% e 93%, respectivamente), frente às classes C (69%) e D/E (30%), apesar de estas últimas terem apresentado crescimento em relação aos anos anteriores, de 9 pontos percentuais na C e de 7 p.p. na D/E. Na região Norte, o acesso móvel (51%) está mais presente do que o fixo (40%), enquanto no Sul a proporção é de, respectivamente, 18% e 70%.

Na avaliação do coordenador da pesquisa, Winston Oyadomari, a penetração da Internet começou a crescer nas áreas urbanas e nas classes C e D/E por conta da conexão móvel "porque é a que chega". Além disso, considera que os preços são mais acessíveis. "Os motivos citados para não ter acesso são muitos, mas o principal é porque acham caro [27% dos entrevistados], o que só ressalta e reforça a análise de que o preço é barreira relevante", diz, lembrando que a rede móvel costuma ter preços mais baixos.

"O que a gente está percebendo é uma configuração diferente: a Internet chega, o computador não. Um em cada cinco domicílios tem acesso à Internet sem computador. É cada vez mais comum o celular ser usado", explica. De acordo com a TIC Domicílios, 41% das casas brasileiras possuem computador e Internet, sendo que 5% só contam com computador, 19% só têm Internet e 34% nenhum dos dois.

O levantamento, produzido pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), foi realizado com a coleta de 23,6 mil entrevistas em 350 municípios entre novembro de 2017 e maio de 2018.

*Este conteúdo foi originalmente publicado no site Teletime

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